A equipe das Nações Unidas incumbida de investigar as ações do Estado Islâmico (Daesh) no Iraque descobriu “evidências claras e convincentes de que os crimes contra o povo iazidi cometidos pelo grupo terrorista constituem genocídio”, reportou ontem (10) a agência Reuters.
Karim Khan, chefe da equipe, relatou ao Conselho de Segurança ter apurado os responsáveis por genocídio e observou que o intuito do Daesh de “destruir física e biologicamente o povo iazidi manifestou-se no ultimato a diversas aldeias do Iraque: converta-se ou morra”.
O advogado britânico deve substituir Fatou Bensouda em julho como promotor-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia.
Em 2014, o Daesh capturou a terra nativa do povo iazidi, no norte do Iraque.
Mulheres iazidis foram convertidas à força como “esposas” dos combatentes da organização terrorista, em meio a milhares de mortos e deslocamento forçado da maioria da população — então equivalente a 550 mil pessoas.
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Em 2016, uma comissão independente de inquérito das Nações Unidas denunciou o massacre do povo iazidi como genocídio.
A recente conclusão da equipe da ONU é o último capítulo de uma campanha por justiça liderada por Nadia Murad, cidadã iazidi iraquiana escravizada e estuprada por soldados do Daesh, e pela advogada de direitos humanos Amal Clooney.
Em 2018, Murad foi laureada com o Prêmio Nobel da Paz por seus esforços para combater a violência sexual como arma de guerra.
Ambas pressionaram o Conselho de Segurança a criar uma equipe investigativa em 2017 para referir as descobertas a Haia ou criar uma corte especial para julgar os culpados.
“As evidências foram coletadas, mas ainda buscamos vontade política para seguir com o processo”, escreveu Murad ao Conselho de Segurança nesta segunda-feira.
Até então, a equipe da ONU identificou 1.444 suspeitos de ataques contra o povo iazidi.