A Arábia Saudita decidiu pressionar os credores do Sudão para obter um acordo amplo e reduzir a enorme dívida externa do país norte-africano, estimada em mais de US$50 bilhões, relatou um oficial envolvido nas negociações à agência Reuters.
O governo de transição do Sudão, liderado pelo premiê Abdalla Hamdok, enfrenta uma crise econômica devastadora e busca estabelecer reformas agressivas e isenção de parte da dívida acumulada a outros países, instituições financeiras e credores comerciais.
“Em termos de reestruturação, pedimos a participação de todos para dar ao Sudão maior espaço de respiro em apoio às reformas”, declarou o oficial saudita à Reuters, em condição de anonimato, às vésperas de uma reunião em Paris nesta segunda-feira (17).
“Apenas a prorrogação não vai ajudar”, reiterou. “Procuramos por amigos como Arábia Saudita e outros para reduzir a dívida. Apoiaremos qualquer esforço internacional para tanto”.
A Arábia Saudita é o terceiro maior credor do Sudão, com dívida aproximada de US$4.6 bilhões, segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI).
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O estado norte-africano é elegível à redução da dívida externa conforme iniciativa para Países Pobres Altamente Endividados (HIPC), promovida pelo Banco Mundial e FMI.
Ao compensar seus atrasos com o Banco Mundial e o Banco de Desenvolvimento Africano, basta ao Sudão, para atingir o chamado “ponto decisivo” do HIPC, acertar pagamentos atrasados com o FMI, o que pode ser feito até o fim de junho.
Na última semana, o FMI aprovou um plano de financiamento para ajudar a mobilizar recursos necessários para cobrir sua parte da dívida externa sudanesa. Contribuições de estados-membros devem ser anunciadas na conferência de Paris.
Estados Unidos, França, Reino Unido, entre outros, também apoiam os esforços sudaneses para reduzir sua dívida externa.
O Sudão emerge de décadas de sanções econômicas e isolamento sob o ex-ditador Omar al-Bashir, deposto em abril de 2019, após meses de protestos populares.
Oficiais sauditas afirmaram que a monarquia pode utilizar seus direitos de saque especial com o FMI para auxiliar o Sudão, além de concessões monetárias substanciais.
“Estou otimista de que, até segunda-feira, fecharemos a lacuna e moveremos adiante a um plano de reestruturação”, declarou o oficial à Reuters.
Em março, Riad comprometeu-se com US$3 bilhões a um fundo de investimentos para o Sudão. “Acertamos agora os detalhes”, observou. “Porém, queremos ter certeza de que levará a novos investimentos, não apenas de outros países como do setor privado”.
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