Forças da ocupação israelense continuam a atacar deliberadamente instituições e profissionais de imprensa palestinos e estrangeiros, após destruir a Torre al-Jalaa, edifício que abrigava escritórios de mídia das redes Al Jazeera, Associated Press e rádios locais.
Após o incidente, o Sindicato dos Jornalistas da Palestina alertou para a possibilidade de um “terrível massacre” planejado por Israel contra profissionais de imprensa.
O sindicato então exortou o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) António Guterres a intervir urgentemente e conceder proteção aos jornalistas que constituem vítimas em potencial de crimes de guerra e lesa-humanidade.
Nasser Abu Bakr, presidente do sindicato palestino, confirmou que sua entidade está em contato com a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), a Federação Árabe dos Jornalistas, outros sindicatos, redes de imprensa e instituições de direitos humanos para ajudar a exercer pressão sobre Guterres.
O Sindicato dos Jornalistas da Palestina observou ainda que as forças da ocupação israelense cometeram mais de cem violações, ao descrever o bombardeio à Torre al-Jalaa como ataque flagrante contra a cobertura de imprensa da chacina imposta a civis e mesmo crianças.
A entidade também relatou que as autoridades israelenses atacam deliberadamente profissionais de imprensa na Cisjordânia e Jerusalém ocupada, ao disparar gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e mesmo munição real contra trabalhadores em campo.
A categoria denunciou ainda que as agressões diárias de soldados e colonos israelenses contra repórteres, fotógrafos e cinegrafistas são indícios claros de crimes cometidos com dolo, para impedir a cobertura da operação militar em curso e suas atrocidades.
O sindicato reiterou que ataques contra agências de notícias palestinas, árabes e internacionais, além de disparos deliberados e diretos contra profissionais em campo, representam crime de guerra premeditado, conforme a lei internacional.
Os bombardeios israelenses resultaram em mais de 50 jornalistas feridos nos últimos dias, além de incorrer em ameaça à vida de trabalhadores e destruir seus equipamentos.
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A Federação Internacional dos Jornalistas emitiu um apelo para responsabilizar Israel por seus crimes contra profissionais de mídia e exortou os sindicatos da categoria em todo o mundo a pressionar governos e agências da ONU para intervir e condenar tais ataques.
O Sindicato dos Jornalistas da Palestina enalteceu a cobertura em curso: “Cavaleiros da verdade — todas as instituições de mídia palestinas, árabes e internacionais que cobrem a agressão à qual nosso povo palestino foi exposto, que levam à luz todos os perigos e ameaças perpetrados pelo exército da ocupação e colonos ilegais”.
A entidade local também enfatizou a necessidade de documentar em imagens os ataques contra a categoria e submetê-las ao sindicato assim que possível. Reiterou também que todos os profissionais devem assumir medidas de segurança e precaução em campo.
O gabinete de imprensa do governo em Gaza emitiu uma nota de repúdio ao bombardeio israelense contra a Torre al-Jalaa, no centro da cidade. “Este ataque é mais um crime cometido pela ocupação contra equipes e instituições de imprensa”, afirmou.
O comunicado defendeu que a filiação de Israel a todos os fóruns concernentes à liberdade de imprensa e direitos humanos seja revogada e reivindicou a formação de um comitê internacional para investigar os crimes israelenses contra jornalistas.
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Segundo a declaração, organizações internacionais preocupadas com a liberdade de expressão devem assumir medidas práticas para exercer pressão a Israel e dissuadir o exército da ocupação de atacar trabalhadores de imprensa, protegidos pela lei internacional.
O Sindicato dos Jornalistas da Palestina destacou que a política israelense de atingir deliberada e sistematicamente instituições de imprensa pretende “ocultar evidências dos crimes da ocupação contra nosso povo, repórteres e a imprensa em geral, a fim de impedir que a verdadeira história dos crimes da ocupação em Gaza seja revelada”.
Por fim, a categoria advertiu contra métodos de fake news utilizados pela inteligência israelense, por exemplo, ao criar páginas falsas nas redes sociais, com logotipo de agências notórias ou nomes palestinos, para propagar desinformação sobre a resistência.