O Secretário de Estado dos Estados Unidos Antony Blinken confirmou não enxergar qualquer evidência de atividades do Hamas em um edifício de doze andares destruído por bombardeios israelenses, no fim de semana, que continha escritórios da imprensa internacional.
No sábado (16), aviões de guerra de Israel destruíram a Torre al-Jalaa, que abrigava escritórios de mídia, incluindo Al Jazeera e Associated Press, além de apartamentos residenciais.
No domingo, sob pressão para explicar os ataques contra a infraestrutura de imprensa — isto é, crime de guerra —, Blinken foi questionado sobre o incidente.
“Pouco após o ataque, pedimos detalhes sobre a razão para tanto”, afirmou Blinken na Dinamarca. Porém, recusou-se a discutir dados específicos de inteligência, ao alegar “deixar a terceiros conceder detalhes sobre as informações compartilhadas e nossa análise destas”.
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“Não vi as informações concedidas”, insistiu Blinken.
Também no domingo, o tenente-general Jonathan Conricus, porta-voz do exército israelense, postergou qualquer comentário, em entrevista à CNN: “Estamos no meio de um combate. É um processo e tenho certeza que a informação será apresentada no devido tempo”.
Sally Buzbee, diretora-executiva da Associated Press, observou que Tel Aviv ainda não concedeu provas para justificar o ataque. A agência de notícias sediada em Nova York relatou tentar contato com o governo israelense para esclarecer o incidente.
“Nosso escritório estava naquele edifício há quinze anos”, reportou a rede de imprensa internacional. “Não temos qualquer indício de presença ou atividade do Hamas no edifício. É algo que checamos com afinco. Jamais colocaríamos nossos jornalistas em risco”.
A Associated Press — assim como outras organizações de imprensa e direitos humanos em todo o mundo — reivindicou uma investigação independente sobre o ataque.
A Anistia Internacional está entre as entidades que reivindicam um inquérito sobre o bombardeio a al-Jalaa. “Ataques diretos contra civis são crimes de guerra”, reiterou no Twitter.
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