A Espanha devolveu ao Marrocos cerca de 4.800 dos 8 mil refugiados que chegaram ao enclave de Ceuta, na costa africana, segundo informações concedidas nesta quarta-feira (19) pelo primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez.

Desde segunda-feira (17), um fluxo recorde de refugiados do Marrocos atravessou ao território espanhol, após forças marroquinas aparentemente afrouxarem seu controle de fronteira.

O incidente humanitário decorreu de uma crise diplomática, após Madrid decidir tratar Brahim Ghali, líder do movimento separatista saharaui Frente Polisário, para um caso grave de covid-19 em um hospital espanhol.

A Espanha não alertou o Marrocos da presença de Ghali em seu território, o que culminou em uma escalada de ameaças da monarquia norte-africana.

Segundo a imprensa local, Ghali foi convocado para comparecer na Suprema Corte da Espanha em 1° de junho, para testemunhar sobre um processo legal reaberto contra ele por suposto genocídio e atos de tortura.

Não obstante, grupos de direitos humanos condenaram a Espanha por deportar os refugiados sem o devido processo. Seis ongs divulgaram um comunicado para denunciar a rápida expulsão em massa como contravenção à lei espanhola e internacional.

Cortes europeias previamente apoiaram as chamadas “deportações expressas” da Espanha, mas somente em casos onde refugiados atravessaram cercas de fronteira.

O Ministério do Interior do país europeu não concedeu qualquer justificativa legal para executar tais expulsões em massa, em velocidade recorde.

Muitos dos refugiados que permanecem em território espanhol são menores de idade, de modo que o ministério alega que não podem ser deportados rapidamente. Autoridades tentam estabelecer uma área de isolamento no pequeno enclave de Ceuta.

Ainda assim, a União Europeia declarou apoio às medidas de Madrid.

O Presidente do Conselho Europeu Charles Michel declarou no Twitter: “A Espanha tem todo nosso apoio e solidariedade … As fronteiras da Espanha são as fronteiras da Europa”.

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