O porta-voz do parlamento iraniano disse no domingo que um acordo de monitoramento de três meses entre Teerã e a agência nuclear da ONU havia expirado no sábado, informou a TV estatal iraniana, acrescentando que a agência não acessaria mais imagens de instalações nucleares, relatou a Reuters.
O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, deve dar entrevista coletiva na tarde deste domingo. Ele está em negociações com o Irã para estender o acordo de monitoramento, o que pode afetar as negociações entre Teerã e seis potências para reviver o acordo nuclear de 2015, disse a AIEA.
“A partir de 22 de maio e com o fim do acordo de três meses, a agência não terá acesso aos dados coletados por câmeras dentro das instalações nucleares acordadas no acordo”, disse a TV estatal, citando Mohammad Baqer Qalibaf. Ele não disse se as imagens seriam deletadas. O Irã começou a quebrar gradualmente os termos do pacto com as potências mundiais depois que o então presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo em 2018 e reimpôs sanções.
O pacto visa impedir o Irã de fabricar armas nucleares, que Teerã diz que nunca quis construir.
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Para pressionar o governo do presidente Joe Biden a retornar ao pacto nuclear e suspender as sanções, o parlamento do Irã, dominado pela linha dura, aprovou uma lei no ano passado obrigando o governo a encerrar a implementação do Protocolo Adicional a partir de fevereiro.
Sob o acordo de 2015, o Irã concordou em observar o Protocolo Adicional da AIEA que permite inspeções de curto prazo em locais não declarados à agência – para reforçar a confiança de que o trabalho nuclear não está sendo secretamente colocado para fins militares.
Para dar uma chance à diplomacia, o cão de guarda e o Irã concordaram em fevereiro em manter as atividades “necessárias” de monitoramento e verificação da AIEA na República Islâmica, embora Teerã reduza a cooperação com a agência.
Qalibaf disse na sessão aberta do parlamento, transmitida pela TV estatal, que a autoridade máxima do Irã, o líder supremo aiatolá Ali Khamenei, apoiou a decisão. “Ontem foi discutido e a decisão tomada. A lei aprovada pelo parlamento será implementada. O líder supremo também sublinhou a importância desta questão”, disse Qalibaf.