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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Analisando os fatores para a vitória na operação Espada de Jerusalém

Palestinos comemoram cessar-fogo na Faixa de Gaza, no complexo da Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém ocupada, 21 de maio de 2021 [Redes sociais]

Na madrugada de 6ª, 21 de maio, Tel Aviv aceita o cessar fogo proposto por seus financiadores estadunidenses e intermediado pelo Egito . A Operação Espada de Jerusalém, onde brimos e brimas entregaram suas vidas em defesa da terra e do povo, demonstrou que o inimigo invasor não é inexpugnável e receberá sempre a devida resposta, cada vez mais contundente. Neste artigo, listamos fatores que levaram ao resultado da vitória dos resistentes, e da desmoralização total dos racistas. Importante destacar que fatores prévios à ofensiva sionista contra Gaza, mais uma dentre várias, garantiram a unidade e condição de luta conjunta do povo palestino. Como já havíamos escrito antes, a Intifada de Al Aqsa foi, na prática, estabelecida pelas multidões que disseram basta em pleno mês sagrado para o Islã, credo majoritário no povo palestino e no Mundo Árabe.

Foram 11 dias de “conflito” de artilharia da resistência e bombardeios da entidade sionista. O “confronto”, não foi um ato isolado e sim uma escalada militar do inimigo como resposta à posição intransigente da liderança de Gaza contra a limpeza étnica em Jerusalém Oriental e a apostasia dos fanáticos na Esplanada das Mesquitas. A “guerra” totalmente assimétrica se manteve em todos os níveis e demonstrou para os invasores que custará muito caro a repressão indiscriminada contra a chamada 3ª Intifada. Não adianta mais alinhar regimentos de blindados e tanques na “fronteira” com Gaza, é preciso entrar, e a “segurança” do Estado de Israel vendeu a mentira que as tropas sionistas não falecem em combate. Ledo engano. Uma situação é atirar à distância, onde vemos cenas horrendas de soldados das “IDF” comemorando tiros de precisão que levam à cegueira, mutilação ou morte de adolescentes palestinos . Outra condição, totalmente adversa, é entrar casa por casa. São “valentes” para matar mulheres e crianças, ou para bombardear hospitais e escolas, mas em um conflito urbano de posições móveis, as baixas são sempre muito altas, do tamanho dos casos de corrupção de Netanyahu ou dos crimes de guerra de Gantz.

Outro fator essencial para a unidade veio do tirânico exercício da dupla apostasia. O mês do Ramadan foi de ampla mobilização popular para evitar os despejos absurdos, onde famílias residentes em suas casas e terrenos há gerações, sofrem ao verem seus imóveis serem “vendidos” por fundos de investimento que não possuem estes lares. Também houve invasão de mesquitas, Al Aqsa incluída, e igrejas nos lugares sagrados que celebram a trajetória do brimo Eesho, zelota da Cananeia contra fariseus e imperialistas. Somente a arrogância da Agência Sionista e a estupidez dos Fariseus Neopentecostais para dobrar a aposta em assentamentos, despejos, remoções e a invisibilidade dos cristãos do Oriente. Nem Al Quds e nem a Grande Cananeia pertencem a picaretas com “título” de pastores promovendo o ódio ou “pintando de branco” a imagem do profeta Issa. Atacar o povo em pleno Ramadan e comandar grilagem de casas em Shiekh Jarrah ia dar em rebelião em todos os níveis. Nós aqui da diáspora dissemos que isso iria acontecer, e assim foi.

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Outro fator importante foi o razoável grau de unidade atingido para organizar as eleições de maio, devidamente adiadas – de forma justificável – considerando as péssimas condições de segurança em Al Quds e as constantes provocações do inimigo. Também incide a reação difusa, mas de confronto, à ofensiva do inimigo tanto com o “Acordo do Século”, na aliança Trump e Netanyahu, como posteriormente nos “Acordos de Abraão”, ratificando a posição traidora de Emirados Árabes Unidos e Bahrain.

Na frente interna, o cenário político palestino e o protagonismo popular para além do jogo das forças políticas, levou as direções a apoiarem a resistência no chão, no dia a dia da Cisjordânia ocupada. Estava evidente que a fragmentação das escolhas do povo palestino, sendo apresentadas 36 listas eleitorais para o primeiro pleito parlamentar (adiado) e com nenhum partido majoritário conseguindo maioria nas pesquisas prévias, implicava em uma perda de controle caso não fossem coordenadas as lutas e as estruturas de retaguarda. E assim foi feito, avançando mais.

Considerando que a capacidade de artilharia foi desenvolvida em Gaza através de convênios  com a Força Expedicionária Al Quds, unidade de elite composta por voluntários da Guarda Revolucionária Iraniana, havia certa margem de manobra para que o Hamas não entrasse na luta de forma direta. Poderia poupar seu arsenal, preservando vidas e salvando a infraestrutura. Mas isso seria visto simplesmente como traição, impedindo a permanência e a capacidade operacional da Câmara Conjunta das Forças Palestinas da Resistência.

A unidade das forças políticas palestinas na frente militar e as relações internacionais da Palestina

Ao contrário do que é difundido na mídia hegemônica dos países ocidentais – como os europeus e anglo-saxões – e os ocidentalizados – como os latino-americanos – não houve uma “guerra” entre o Hamas e Israel. A Palestina ocupada viu a unidade na luta, em todos os níveis possíveis de defesa da terra e do povo, incluindo o plano militar. Evidente que o Hamas e em segundo nível a Jihad Islâmica Palestina são atualmente as forças políticas com melhor preparo para o combate regular, sendo que o primeiro tem dotação tecnológica básica e maneja os salvadores mísseis terra-terra.

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A maturidade política pode também ser fruto do panorama das alianças no Mundo Árabe e no Mundo Islâmico. Na Faixa de Gaza, a Coordenação Conjunta abrigou em um guarda-chuva político-militar forças que podem ser antagônicas em alguns temas institucionais, mas com a cumplicidade garantida daqueles que lutam ombro a ombro. Esta capacidade de lutar em conjunto também reflete da aproximação ocorrida previamente, nos arranjos para as eleições palestinas. É legítimo que países tenham suas próprias estratégias de política externa e relações de aliados táticos e estratégicos. Sendo muito franco, não apoiando o salafismo, normalizando com Israel ou se vendendo para cruzados, toda relação exterior de Estados soberanos de maioria árabe e islâmica é bem vinda. As negociações eleitorais palestinas, e o apoio externo correspondente, representam essa capacidade de ao menos não inviabilizar as agendas mais produtivas. Acreditem, “só isso” não é pouco.

Afirmando os dois parágrafos acima, reconheço que em 2019 este analista estava completamente equivocado. É relevante a pressão da opinião pública dentro da entidade sionista, nos Estados Unidos e na Europa. Mas a libertação da palestina é obra do povo palestino, de brimos e brimas árabes e das massas majoritárias em países islâmicos. Também é relevante a pressão das diásporas nas Américas e na Europa, mas devemos apostar em nós mesmos e nas relações com quem luta diretamente na terra, e não em guerras imaginárias promovidas por “patéticos fedayins de escritório” (me comprometo a escrever a este respeito em breve). Parece que no coração da besta “ameriKKKana”, essa tarefa histórica já foi absorvida e está em exercício.  Mais de 250 mil descendentes de árabes e apoiadores marcharam pela terra e o povo palestino no estado de Michigan .

Mas, não basta o cessar fogo. É preciso cessar a limpeza étnica, a ocupação e o genocídio dos legítimos habitantes da Palestina histórica. Cada casa deve ser defendida e todo martírio tem de eternizar-se na luta de libertação. A heroica resistência é exemplo para todas e todos.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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