Sete candidatos concorrem à presidência do Irã nas eleições de 18 de junho, incluindo cinco conservadores e dois reformistas, segundo informações da agência Anadolu.
A maioria dos candidatos reformistas, incluindo um aliado próximo do presidente Hassan Rouhani, foi desqualificada pelo Conselho dos Guardiões — espécie de tribunal constitucional. Os nomes aprovados foram anunciados pelo Ministério do Interior nesta terça-feira (25).
Conforme relatos, o indeferimento de candidatos reformistas foi repudiado pelo atual presidente, que escreveu uma carta de protesto ao Supremo Líder Ali Khamenei.
Em resposta, Ali Rabaie, porta-voz oficial do governo, alegou que a participação mínima no processo “não é do interesse de ninguém” e sugeriu que a desqualificação de uma série de candidaturas pode afetar o resultado das eleições.
Segue um breve perfil dos candidatos na corrida eleitoral ao cargo máximo do executivo do Irã.
Ebrahim Raeisi
Ebrahim Raeisi, chefe do judiciário iraniano, registra sua candidatura à presidência, no Ministério do Interior, em Teerã, 15 de maio de 2021 [Majid Saeedi/Getty Images]
Ebrahim Raeisi, de 60 anos, é chefe do judiciário iraniano e permanece como a maior aposta dos conservadores para suceder Rouhani. Foi o principal adversário do atual presidente nas eleições de 2017, mas não conseguiu superar a enorme onda reformista na ocasião.
Embora sua candidatura seja registrada como independente, o jurista islâmico de fato desfruta do apoio da elite conservadora.
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Um dos principais confidentes de Khamenei, Raeisi deve adotar uma postura firme sobre a política externa do país, sobretudo nas negociações com Estados Unidos e países da Europa para restaurar o acordo nuclear revogado pelo ex-presidente americano Donald Trump.
Desde a Revolução de 1979, Raeisi mantém diversos cargos de destaque no judiciário iraniano. Em março de 2019, foi escolhido por Khamenei como chefe de justiça, após a morte de seu predecessor Mahmoud Shahroudi.
O candidato conservador também administra o Santuário de Imã Reza, na província de Mashhad, nordeste do país
Nos últimos dias, diversos postulantes abandonaram a disputa em favor de Raeisi, incluindo o ex-Ministro da Defesa Hossein Dehghan. Tornou-se, portanto, favorito à presidência.
Mohsen Rezaei
Mohsen Rezaei, ex-comandante da Guarda Revolucionária do Irã e duas vezes candidato à presidência, durante comício para o Dia de al-Quds (Jerusalém), em Teerã, 10 de julho de 2015 [Scott Peterson/Getty Images]
Mohsen Rezaei, de 67 anos, é um veterano militar e ex-comandante da Guarda Revolucionária do Irã. Em 2009 e 2013, candidatou-se à presidência; porém, sem êxito.
Atualmente, serve como secretário do Conselho de Discernimento, órgão de estado incumbido de solucionar disputas entre o parlamento e o Conselho dos Guardiões.
Embora derrotado em batalhas eleitorais nas últimas décadas, o ex-comandante recusou-se a aposentar-se da vida pública. Nos corredores do exército, é celebrado por seu papel como chefe da Guarda Revolucionária durante a guerra Irã-Iraque, nos anos de 1980.
Saeed Jalili
Saeed Jalili, chefe de negociações do acordo nuclear iraniano, em campanha ao eleitorado feminino, em Teerã, Irã, 29 de maio de 2013 [Majid Saeedi/Getty Images]
Saeed Jalili, de 56 anos, está entre as figuras políticas conservadoras de maior destaque no Irã. Serviu como chefe de negociações para o acordo nuclear e presidiu o principal órgão de segurança do país, o Conselho Supremo de Segurança Nacional.
Veterano da guerra Irã-Iraque, Jalili também disputou a presidência da república em 2013, quando acabou em terceiro lugar, atrás do conservador Baqer Qalibaf.
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Jalili, embora marcado por um perfil discreto, é o favorito do establishment iraniano há anos. Em 2008, o website Wikileaks citou um oficial europeu que encontrou-se com Jalili e o descreveu como “verdadeiro produto da revolução iraniana”.
Como negociador nuclear, foi retratado por sua firmeza em não fazer concessões.
Nos últimos dias, Jalili envolveu-se em uma guerra de palavras no Twitter com o pré-candidato à presidência Ali Larijani, posteriormente desqualificado. Analistas alertam que Jalili pode retirar-se da corrida em favor de Raeisi.
Amir-Hossein Ghazizadeh Hashemi
Amir-Hossein Ghazizadeh Hashemi [WikiCommons]
Amir-Hossein Ghazizadeh Hashemi, de 51 anos, serve atualmente como vice-presidente do parlamento iraniano. É legislador desde 2008 e representou diversos distritos eleitorais da província de Mashhad, no nordeste do país.
Hashemi é uma das principais forças por trás do plano estratégico para suspender sanções, o qual obrigou o governo a reduzir compromissos do acordo nuclear, no último ano.
O parlamentar de longa data concorre como candidato independente, mas pode retirar-se da disputa em favor de Raeisi.
Alireza Zakani
Alireza Zakani registra sua candidatura à presidência, no Ministério do Interior, em Teerã, 14 de abril de 2017 [Atta Kenare/AFP via Getty Images]O político conservador Alireza Zakani, de 56 anos, é dono de duas redes de imprensa em farsi e atualmente lidera o departamento de pesquisa do parlamento iraniano. Entre 2004 e 2016, representou a região metropolitana de Teerã na assembleia nacional legislativa.
Zakani tentou concorrer à presidência em 2013 e 2017; em ambas as tentativas, seu nome foi indeferido pelo Conselho dos Guardiões. Embora aprovado agora, sua presença é ofuscada por outros conservadores, segundo analistas.
Mohsen Mehralizadeh
Mohsen Mehralizadeh, de 64 anos, é um político reformista de destaque e ex-vice-presidente do Irã. De etnia azeri, foi também governador das províncias de Coração (nordeste) e Ispaã (centro), além de presidente da Organização Nacional dos Esportes.
O veterano tentou candidatar-se à presidência em 2005, sob o mote de representar as gerações mais jovens. Na ocasião, seu nome foi indeferido pelo órgão regulador, mas voltou à corrida um dia depois, sob intervenção do Supremo Líder Ali Khamenei.
Não obstante, terminou em último entre sete candidatos.
Na falta de outro peso-pesado reformista, a eleição de 2021 parece um campo aberto para Mehralizadeh assumir o protagonismo da vertente política. Após ser aprovado na terça-feira, prometeu prosseguir na disputa e não recuar em favor de terceiros.
Abdolnaser Hemmati
Abdolnaser Hemmati, chefe do Banco Central do Irã, após registrar sua candidatura no Ministério do Interior, em Teerã, 15 de maio de 2021 [Atta Kenare/AFP via Getty Images]Abdolnaser Hemmati, de 64 anos, é o principal banqueiro do Irã e administra o Banco Central do país desde 2018. Considerado um aliado próximo do atual presidente Hassan Rouhani, o economista é um dos dois candidatos reformistas ainda na disputa.
Seu currículo inclui a vice-presidência da instituição pública de imprensa iraniana, chefe do órgão de crédito do estado e diretor-executivo de dois bancos privados.
Contudo, seu mandato no Banco Central coincidiu com o colapso da moeda iraniana (rial), o que culminou em crise inflacionária e indignação popular.
Com apenas dois reformistas na corrida, permanece incerto qual deles será favorecido pelo campo moderado para enfrentar o principal postulante conservador.
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