Forças de segurança do Iraque prenderam nesta quarta-feira (26) o comandante paramilitar Qasim Muslih, como parte de esforços para responsabilizar ataques contra uma base do exército iraquiano que abriga tropas dos Estados Unidos, reportou a Reuters.
Muslih foi preso pela manhã e foi interrogado por equipes de contraterrorismo, observou um comunicado militar; porém, sem maiores detalhes.
Duas fontes de segurança relataram à Reuters que o comandante paramilitar foi preso em Bagdá, acusado de envolvimento com diversos ataques, incluindo atentados recentes contra a base aérea de Ain al-Asad, onde tropas estrangeiras permanecem estacionadas.
Muslih é comandante regional das Forças de Mobilização Popular para a província de Anbar, oeste do Iraque. A coalizão armada é composta majoritariamente por milícias xiitas ligadas ao Irã, consideradas por Washington como ameaça à segurança do Oriente Médio.
O Primeiro-Ministro do Iraque Mustafa al-Kadhimi afirmou em nota na quarta-feira que suas forças de segurança detiveram um indivíduo — até então, não identificado — através de um mandado emitido conforme a legislação de combate ao terrorismo.
Apesar de manter o prisioneiro em anonimato, Khadimi confirmou que permanecerá em custódia do Comando de Operações Conjuntas até o fim do inquérito.
Uma cópia do mandado de prisão contra Muslih viralizou nas redes sociais, segundo a qual o comandante paramilitar foi preso sob a lei antiterrorismo.
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A base de Ain al-Asad foi atacada com foguetes e aparatos de vigilância aérea não-tripulados ao menos quatro vezes somente em maio. Os incidentes foram considerados por muitos como evidência das tensões em curso entre Estados Unidos e Irã.
Após a prisão, veículos com atiradores não-identificados circularam ao redor da chamada Zona Verde, área fortificada que abriga embaixadas e prédios do governo, como demonstração de força dos grupos paramilitares, reportou uma fonte de segurança anônima.
Um repórter da Reuters relatou que, no início da noite, dezenas de combatentes das Forças de Mobilização Popular assumiram o controle de todos os acessos da Zona Verde.
Dois parlamentares informaram que líderes xiitas intervieram para tentar desescalar a crise e propuseram ao premiê iraquiano transferir Muslih à custódia do grupo paramilitar.
“O protesto armado que ocorreu é uma violação bastante grave da constituição iraquiana”, destacou Kadhimi em novo comunicado, ao anunciar uma investigação.
A maioria dos ataques de milícias ligadas ao Irã no Iraque não deixam baixas, mas mantém pressão sobre as tropas dos Estados Unidos e aliados internacionais, sobretudo após a posse do atual presidente americano Joe Biden.
O governo iraquiano de Kadhimi concorda com Washington em manter a presença das tropas estrangeiras, mas enfrenta cada vez mais dificuldade em controlar os grupos armados.
Em 2020, forças de segurança do Iraque invadiram um bastião de uma poderosa milícia pró-Irã em Bagdá e detiveram mais de uma dúzia de membros do grupo. Pouco depois, veículos com atiradores não-identificados avançaram à Zona Verde reivindicando sua soltura.
A maioria dos presos foi libertada dentro de horas.
“Toda prisão deve correr seu curso, como vale a qualquer iraquiano”, declarou Jeanine Hennis-Plasschaert, representante do Secretário-Geral das Nações Unidas António Guterres no Iraque. “Certamente, ninguém deve recorrer à força para ter o que quer”.
“Este comportamento enfraquece o estado iraquiano e erode ainda mais a confiança pública. As instituições de estado devem ser respeitadas em todos os casos”, prosseguiu Hennis-Plasschaert. “Ninguém está acima da lei”.
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