Assad é reeleito com 95% dos votos; eleição é denunciada como fraude

O Presidente da Síria Bashar al-Assad encerrou o pleito por sua reeleição com 95.1% dos votos e assegurou seu quarto mandato de sete anos na liderança do país. Grupos pró-democracia e a comunidade internacional denunciaram “fraude”.

Os resultados pouco surpreendentes foram anunciados pelo presidente do parlamento Hammouda Sabbagh, em coletiva de imprensa realizada ontem (27).

Segundo as informações, 14 milhões de cidadãos participaram do pleito, isto é, comparecimento de 78% do eleitorado ratificado pelo regime, índice supostamente mais alto do que o comparecimento nas eleições dos Estados Unidos, em 2020.

Contudo, apenas sírios nas áreas controladas pelo regime puderam votar, enquanto cidadãos radicados nas áreas controladas pela oposição tiveram o direito negado.

Os candidatos foram restritos a Assad e outros dois políticos pouco conhecidos: Mahmoud Ahmed Marei e o ex-ministro de governo Abdallah Saloum Abdallah.

O próprio regime selecionou os candidatos e a eleição foi rechaçada como ilegítima, sob denúncias da oposição síria, Turquia, Estados Unidos e países europeus.

O processo eleitoral foi adiante a despeito de apelos da Organização das Nações Unidas (ONU) para realizá-lo sob supervisão internacional, a fim de preservar o processo de paz e elaborar uma nova constituição para a Síria.

Apenas delegações de Belarus, Irã, Rússia e outros estados aliados foram convidadas por Assad para monitorar as eleições presidenciais.

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Houve também diversos incidentes de fraude in loco por toda a Síria. Vídeos viralizaram online com cenas de oficiais registrando voto para Assad em nome de eleitores ausentes, além de soldados do regime marcando dezenas de cédulas.

Segundo relatos compilados pela Reuters, o serviço de inteligência de Assad foi responsável por organizar comícios em apoio ao presidente, coagir funcionários públicos e estudantes a votar e organizar ônibus para transportar eleitores às urnas.

Após o anúncio da vitória de Assad, comemorações ocorreram em praças e rodovias.

A nova fraude de legitimidade do presidente sírio ocorre em meio a alertas dos Estados Unidos e países do Golfo contra a normalização de laços com o regime autoritário.

Conforme informações, oficiais do governo sírio visitaram a Arábia Saudita na última semana, pela primeira vez desde o início da guerra civil, em 2011, sob receios de que o processo eleitoral seja um meio de legitimar os poderes de Assad na região.

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