O Catar não tem planos para normalizar laços com a Síria, afirmou o chanceler do estado do Golfo, após Bashar al-Assad assegurar seu quarto mandato como presidente sírio na última semana, em uma eleição denunciada por fraudes, reportou a agência Reuters.
O Catar está entre os muitos estados da região — incluindo Arábia Saudita — que apoiaram efetivamente grupos da oposição na Síria, ao longo dos dez anos de guerra civil. Alguns, como Emirados Árabes Unidos, porém, buscam normalizar laços com Damasco.
“Até então, não vemos nada no horizonte como uma solução política aceitável para o povo sírio”, declarou o ministro catariano Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani na sexta-feira (28) à emissora britânica Al Araby. “A abordagem e conduta do regime não mudaram”.
“Não há qualquer motivação para nós restabelecermos laços com o regime sírio neste momento”, reiterou Al-Thani. “O regime sírio comete crimes contra seu povo”.
Não obstante, o governo sírio alega que as eleições demonstram que o país funciona normalmente, apesar de centenas de milhares de mortos e onze milhões de refugiados.
Cidadãos sírios nos territórios controlados pela oposição não tiveram direito ao voto.
Os estados árabes rebaixaram ou fecharam suas missões em Damasco em 2012, após deflagrar-se a guerra, decorrente da violenta repressão contra manifestantes pró-democracia.
Os Emirados reabriram sua missão na Síria no final de 2018, na tentativa de responder à influência de agentes não-árabes, como Irã e Rússia, que apoiam efetivamente o regime de Assad, e Turquia, que concede apoio a grupos da oposição.
Abu Dhabi tem um representante diplomático na Síria.
Omã — um dos poucos países árabes a manter laços com Damasco — enviou um embaixador no último ano.
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