Ao invés de derrotado após trinta anos de operações militares da ocupação, o movimento de resistência palestina Hamas torna-se agora mais forte que Israel, escreveu neste domingo (30) o jornalista israelense Jackie Khoji ao jornal em hebraico Maariv.
Segundo a agência de notícias Sama, em seu artigo, Khoji questionou como o Hamas obteve êxito em superar Israel.
Apesar dos violentos ataques que mataram centenas de pessoas e destruíram edifícios e túneis, combatentes do Hamas e outros grupos de resistência continuam a desafiar Israel como se não houvesse ofensiva, observou o colunista israelense.
O Hamas, segundo Khoji, não deu início às hostilidades, mas disparou foguetes a Jerusalém; após o fim dos ataques, não tardou em emitir alertas: “Nossa mão se mantém no gatilho, pronta para reagir às violações de Israel em Jerusalém”.
“Isso não reflete em nada a postura de uma liderança derrotada”, reiterou Khoji. “A experiência nos mostrou que o poder de Israel em Gaza desvaneceu e o discurso de Yahya Sinwar [líder do Hamas no território costeiro] após a ofensiva prova isso”.
“O Hamas insiste em plantar ansiedade em Israel e atacar o cerne da sociedade israelense — talvez porque o Hamas pensa que não haverá outra ofensiva em breve”, prosseguiu
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O repórter sionista sugeriu que a capacidade do Hamas de ler a mentalidade israelense melhorou, de modo que agora é capaz de decidir efetivamente como e quando impor pressão, sob táticas diversas — balões incendiários, foguetes ou mediadores.
Segundo Khoji, cada medida é projetada para cumprir certas demandas da ocasião.
O colunista também alertou que a resistência palestina está ciente do que ocorre em Israel há anos, dado que decisões militares frequentemente decorrem de demandas políticas — por exemplo, eleições, pressão de grupos coloniais ou retaliação.
De acordo com o artigo do Maariv, muitos líderes do Hamas já foram detidos em cadeias israelenses, aprenderam hebraico e tiveram contato com cidadãos do estado sionista. Este know-how favorece as decisões estratégicas da resistência palestina.
Khoji constatou ainda que ninguém esperava uma vitória do Hamas após a última ofensiva israelense, mas que o público árabe e internacional testemunhou uma resposta efetiva sobre como interromper as violações contra o povo palestino.
“Após cada ofensiva, o Hamas sai com a cabeça erguida. É hora de nos perguntarmos: qual foi nosso erro?”, enfatizou o também comentarista da rádio militar israelense.
“Se o exército se vangloria de destruir a infraestrutura dessa gente há trinta anos, por que ficam mais fortes? Por que seus líderes ganham coragem, perdem o medo de Israel? Decodificaram nosso gene e nos superam, geração após geração?”, concluiu a coluna em hebraico.
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