A polícia militar das Unidades de Proteção Popular do Curdistão (YPG), que governam a região nordeste da Síria, assolada pela guerra civil desde 2011, dispararam contra manifestantes que protestavam contra o recrutamento forçado de crianças nesta semana.
Oito pessoas foram mortas e 27 ficaram feridas.
Na segunda e terça-feira — 31 de maio e 1° de junho — protestos na cidade de Manbij denunciaram o recrutamento de menores pelo grupo paramilitar curdo nas áreas sob seu controle e enfrentaram forte repressão, incluindo disparos de munição real.
A organização angaria posições divergentes e controversas em âmbito internacional.
Embora países ocidentais reconheçam em suas fileiras a presença de combatentes pela liberdade contra o Daesh (Estado Islâmico) e contra a ditadura de Bashar al-Assad, nos últimos dois anos, o YPG tornou-se alvo de escrutínio cada vez maior.
Relatos sugerem o recrutamento compulsório de crianças às suas forças militares, medida considerada ilegal conforme a lei internacional.
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A Turquia alega que a coalizão de oposição na Síria, liderada por curdos, representa uma extensão armada do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado grupo terrorista por Ancara, União Europeia e Estados Unidos.
Invasões contra aldeias e cidades árabes para recrutar menores foram confirmadas pelas Nações Unidas, em 2019, e pelo Pentágono, no último ano.
O Departamento de Estado americano — que concede apoio aos grupos curdos como parte de sua “guerra ao terror” — emitiu um comunicado a “todas as partes na Síria para respeitar liberdades fundamentais e direitos humanos, incluindo manifestação pacífica”.
Um oficial anônimo do Departamento de Estado reiterou: “Regularmente debatemos direitos humanos com os líderes da FDS [Forças Democráticas da Síria], como parte integral dos esforços para promover a estabilidade no nordeste sírio e garantir a derrota do Daesh”.
Após a resposta de Washington, o YPG supostamente acatou as demandas de Manbij e anunciou o fim do recrutamento obrigatório, punição àqueles que dispararam contra os protestos e soltura de todos prisioneiros detidos durante o ato.
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