Israel pretende trabalhar para normalizar relações com os grandes países islâmicos do Sudeste Asiático, declarou ontem (17) Sagi Karni, embaixador israelense em Singapura.
Seus comentários contrapõem o repúdio oficial e popular aos bombardeios israelenses contra a Faixa de Gaza, no último mês. Por onze dias, Israel lançou ataques contra o território costeiro, deixando ao menos 254 mortos, incluindo 66 crianças, e 1.900 feridos.
Países como Indonésia, Malásia e Brunei exortaram a Organização das Nações Unidas (ONU) a agir para interromper as “atrocidades cometidas contra o povo palestino”.
Em comunicado emitido em maio, o Presidente da Indonésia Joko Widodo, o Primeiro-Ministro da Malásia Muhyiddin Yassin e o Sultão de Brunei Hassanal Bolkiah descreveram os ataques israelenses a Gaza como parte de uma política “desumana, colonial e de apartheid”.
“Condenamos do modo mais veemente as reiteradas violações e agressões flagrantes, executadas por Israel contra civis por todo o território palestino ocupado, sobretudo Jerusalém Oriental e Faixa de Gaza, que causam morte e sofrimento”, enfatizou a nota.
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Os três países não possuem laços diplomáticos com Israel e pressionam pelo fim da ocupação ilegal na Palestina, conforme a proposta de um estabelecer um estado palestino independente com base nas fronteiras de 1967.
Karni insistiu, porém, que Israel não possui “qualquer desavença” com os países sul-asiáticos.
“Queremos expandir o círculo de paz às nações islâmicas na região”, alegou o embaixador israelense. “Mas não queremos forçá-los. Depende deles juntar-se a nós e sabem que estamos interessados, apesar de termos também nossas considerações internas”.
Em 2020, foram assinados acordos de normalização com Emirados Árabes Unidos e Bahrein e então Sudão e Marrocos, sob iniciativa do ex-presidente americano Donald Trump, a despeito do consenso árabe de negociações para instituir dois estados.
“Estamos dispostos a conversar, estamos dispostos a nos reunir, a porta está aberta no que nos concerne”, reiterou Sargi. “Não penso que é difícil nos encontrar aqui”.