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Seca na Síria coloca em risco o “Ano do trigo” de Assad

Um agricultor recolhe grãos de trigo em um balde antes de despejá-lo em sacos durante a época da colheita, em um campo no interior de al-Kaswa, ao sul da capital da Síria, Damasco, em 18 de junho de 2020. [Louai Beshara/AFP via Getty Images]

A campanha “Ano do trigo” promovida pelo presidente sírio Bashar Al-Assad está em perigo depois que a baixa pluviosidade corre o risco de deixar uma lacuna de importação de pelo menos 1,5 milhão de toneladas, informou a Reuters, citando estimativas preliminares de funcionários e especialistas.

Isto e a falta de fundos para financiar as importações aumentarão a pressão sobre a economia síria, que já está cambaleando após dez anos de conflito e se encontra sob a pressão das sanções dos EUA, o colapso financeiro do vizinho Líbano e a pandemia de Covid-19.

O fiel aliado de Assad, a Rússia, disse que venderá um milhão de toneladas de grãos à Síria ao longo do ano para ajudá-la a atender aos quatro milhões de toneladas da demanda interna anual. No entanto, suas cargas têm chegado lentamente nos últimos anos, à medida que os fundos se tornam escassos. Os dados alfandegários disponíveis publicamente não mostram fornecimentos significativos para a Síria.

De acordo com a Organização para Alimentação e Agricultura (FAO) sediada em Roma, foram necessárias pelo menos 1,5 milhão de toneladas de importação de trigo. Uma meta de compra de 1,2 milhão de toneladas pelo governo parece agora extremamente irrealista.

O Ministro da Agricultura da Síria, Mohammed Hassan Qatana, falou sobre o destino da colheita doméstica durante um tour pela província de Hasaka, no nordeste do país, onde grande parte da colheita de cereais do país está nas mãos de curdos separatistas. “Está claro no tour o enorme impacto da mudança climática, que todas as plantações alimentadas pela chuva foram retiradas dos investimentos e até mesmo a produção da área irrigada de trigo caiu 50%”, disse o ministro.

Grande parte da demanda doméstica de trigo é necessária para apoiar um programa governamental de subsídio ao pão. Os problemas financeiros do país já se traduziram em escassez de pão, com os residentes reclamando de longas filas de espera nas áreas controladas pelo governo.

LEIA: ONU está “profundamente preocupada” com as condições de 13,4 milhões de sírios deslocados internamente

O Programa Mundial de Alimentação disse em março que um recorde de 12,4 milhões de sírios, mais de 60% da população, sofrem de insegurança alimentar e fome, o dobro do número visto em 2018. Os sírios estão cada vez mais dependentes do pão subsidiado, já que a inflação desenfreada fez subir os preços dos alimentos mais de 200 por cento no ano passado.

Qatana havia apelado aos agricultores para priorizar o trigo este ano para que o país pudesse voltar a comer o que planta. “Estamos enfrentando infinitas pressões econômicas; nossos alimentos significam nossa existência”, disse ele à mídia estatal em novembro.

Cerca de 70% da produção de trigo ainda está fora do controle do governo e sua posição mais agressiva como único comprador, forçando-o a competir com outros concorrentes, duplicando o preço de compra nesta temporada para 900 libras sírias por quilo, ou cerca de 300 a 320 dólares por tonelada. Porém, é improvável que Damasco obtenha qualquer fornecimento de agricultores sob a administração curda no Nordeste, onde mais de 60% do trigo do país é cultivado.

A administração autônoma liderada pelo Curdistão espera coletar cerca da metade da safra do ano passado devido a chuvas fracas e níveis de água mais baixos ao longo do Eufrates, que caíram pelo menos cinco metros. Junto com os preços mais altos para os agricultores que são fixados em dólares para dissuadi-los de vender para Damasco, a administração proibiu até agora qualquer venda fora de seu território.

As autoridades curdas tiveram amplos laços comerciais com Damasco, mas rejeitaram a mediação russa para vender alguns de seus produtos a Damasco como nos anos anteriores, disseram duas fontes locais.

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