A Liga Árabe confirmou que a União Africana deve sediar um encontro entre Egito, Sudão e Etiópia para debater a questão da Grande Represa do Renascimento, construída pelo governo etíope na bacia hidrográfica do Nilo.
Contudo, nenhum dos três países comentaram o anúncio até então.
A última reunião tripartite ocorreu em abril.
A Etiópia, porém, rejeitou os apelos sudaneses para transferir o caso ao Conselho de Segurança da ONU. Dina Mufti, porta-voz da chancelaria etíope, alegou que seu país não vê necessidade para tanto e exortou o Sudão a “respeitar” a União Africana.
Segundo Mufti, as divergências em questão podem ser solucionadas via negociações, sob liderança do bloco africano. Além disso, argumentou que o Sudão não tem interesses em obstruir o projeto, pois será o país mais beneficiado pelo megaprojeto.
No entanto, a chanceler sudanesa Mariam al-Sadiq al-Mahdi reiterou que a represa deve impactar a segurança da sua população, além do Egito e do próprio povo etíope, sobretudo caso Addis Ababa prossiga com o preenchimento unilateral dos reservatórios.
A ministra enviou uma carta ao Conselho de Segurança nesta semana para solicitar mediação internacional à crise.
Sudão e Egito trocam acusações com a Etiópia sobre o fracasso das negociações.
A Etiópia insiste em ir adiante com a segunda fase do preenchimento da represa em julho e agosto, embora não haja qualquer acordo vinculativo sobre a matéria.
Segundo o governo em Addis Ababa, o projeto deve gerar eletricidade e desenvolvimento para o país e toda a região, sem prejudicar os países a jusante.
Cartum e Cairo, não obstante, defendem a assinatura de um acordo tripartite para prosseguir com o preenchimento e as operações da barragem, a fim de assegurar o fluxo anual de recursos hídricos do Nilo a todas as partes.
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