Daniel Jadue, prefeito da cidade de Recoleta, na capital do Chile, Santiago, e neto de um imigrante palestino, está perto de assumir a presidência do país. Jadue, que defende abertamente a luta pela liberdade da Palestina, traça suas raízes na cidade de Beit Jala, na Cisjordânia ocupada, e tem sido ativo na causa desde os onze anos.
Jadue passou uma parte de sua juventude trabalhando com a União Geral de Estudantes Palestinos no Chile. O candidato ingressou no sindicato em 1978, com apenas onze anos de idade, e trabalhou nos escritórios de informação e comunicação. Nos anos seguintes, ele entrou para a Frente Popular pela Libertação da Palestina (PFLP).
Ele passou a liderar a União Geral de 1987 a 1991 e coordenou as atividades da organização da Juventude Palestina na América Latina e no Caribe de 1991 a 1993. Durante este período, Daniel viajou ao Líbano e à Síria, encontrando-se com vários líderes políticos palestinos.
Em 2009, juntamente com um grupo de outros proeminentes palestinos da diáspora, Jadue visitou a Palestina pela primeira vez. Ao retornar ao Chile, o candidato presidencial escreveu um livro descrevendo suas experiências com o título Palestina: Crônica de um Cerco (Palestina: crónica de un asedio; 2013).
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Se eleito, Jadue não será o primeiro chefe de governo palestino na América Latina. Onze dos presidentes da América Latina tinham origem árabe, e um número significativo está ligado à Palestina. Carlos Facusse (Honduras, 1988-2002), Antonio Saca (El Salvador, 2004-2009) e Nayib Bukelelele (2019-presente) estiveram entre os primeiros palestinos a ascender. Entretanto, o compromisso aberto e firme de Jadue com a liberdade da Palestina o distingue destes líderes.
“Ser palestino não é comer comida palestina e dançar o dabke”, disse Jadue a Mondoweiss em uma entrevista. “[…] Se você é palestino, mas se você não sabe de que lado do muro você está, então você não é palestino”.
“Você não pode ser a favor dos direitos humanos fora da Palestina e contra os direitos humanos para os palestinos”, acrescentou Jadue.
No mês passado, após o bombardeio de onze dias da ocupação israelense na faixa de Gaza que matou 256 palestinos, incluindo 66 crianças, Jadue liderou uma manifestação do lado de fora da Embaixada de Israel em Santiago, publicando fotos em sua conta no Twitter.
Llegamos hasta al frontis de la embajada de Israel en Chile para solidarizar con el pueblo palestino y condenar los ataques en la franja de Gaza que han dejado más de 220 personas asesinadas en los cobardes bombardeos de Israel! #FuerzaPalestina #PalestinaLibre pic.twitter.com/9gQoL5M0yY
— Daniel Jadue (@danieljadue) May 19, 2021
O Chile, que abriga meio milhão de palestinos, tem uma história de apoio aos que vivem sob a ocupação de Israel. Em julho de 2020, o senado chileno aprovou uma resolução pedindo ao presidente para implementar um boicote legal aos produtos dos assentamentos e proibindo atividades comerciais com empresas que operam nos territórios palestinos ocupados.
Na mesma semana, o Chile projetou em sua Torre Telefônica a imagem da kuffiya para mostrar apoio ao povo palestino e para repudiar os planos do ex-primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de anexar 30% da Cisjordânia ocupada.
No ano passado, o Club Deportivo Palestino, um time de futebol único fundado por imigrantes palestinos na cidade de Osorno, no sul do Chile, em 1920, celebrou seu centenário. O clube é conhecido como o “segundo time nacional da Palestina”, proporcionando uma oportunidade para o povo oprimido da Palestina ser visto e ouvido fora de suas fronteiras ocupadas.
As eleições presidenciais no Chile estão agendadas para 21 de novembro.
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