O presidente afegão Ashraf Ghani reúne-se com sua contraparte americana Joe Biden e seu antigo adversário político, Abdullah Abdullah, nesta sexta-feira (25), em Washington, para debater o apoio bilateral à medida que as últimas tropas dos Estados Unidos deixam o país asiático, após vinte anos de guerra e ocupação.
As informações são da agência Reuters.
Caso obtenha alguma nova assistência de Washington, o encontro no Salão Oval deverá reafirmar o apoio de Biden ao líder acuado, à medida que Ghani enfrenta avanços do Talibã, uma nova onda de atentados, a pandemia de covid-19 e confrontos em Cabul.
“No momento em que a moral está incrivelmente abalada e coisas vão ladeira abaixo, qualquer coisa que alguém possa fazer para ajudar o governo tem o seu valor”, comentou Ronald Neumann, ex-embaixador dos Estados Unidos no Afeganistão.
“Convidar Ghani é um sinal bastante forte de que ainda o apoiamos”, prosseguiu.
O apoio de Biden, no entanto, delongou meses sob pressão de oficiais americanos pela renúncia de Ghani, para dar lugar a um governo de transição conforme um acordo político provisório, embora fracassado, a fim de superar o impasse nas negociações.
O encontro de Biden com Ghani e Abdullah — presidente do Alto Conselho de Reconciliação Nacional — deverá concentrar-se em questões de segurança e no “compromisso com o povo afegão”, reportou Karine Jean-Pierre, vice-secretária de imprensa da Casa Branca.
Biden pediu ao Congresso dos Estados Unidos a aprovação de um pacote de segurança no valor de US$3.3 bilhões ao Afeganistão, para o próximo ano, além do envio de três milhões de doses de vacinas contra o covid-19 ao país para conter a pandemia.
Segundo Jean-Pierre, o presidente democrata deverá exortar Ghani e Abdullah, adversários nas duas últimas eleições afegãs, a formarem um “fronte unitário”, além de reiterar o apoio de Washington a um acordo de paz estabelecido via negociações.
Oficiais americanos, não obstante, insistem que Biden não suspenderá a retirada de tropas do país — cuja conclusão está prevista para o fim de julho ou início de agosto.
Segundo as fontes, é improvável que qualquer ajuda militar dos Estados Unidos a Cabul seja de fato aprovada, para obstruir os avanços do movimento Talibã e conservar mecanismos de consulta, inteligência e mesmo equipamentos aéreos.
Nesta quinta-feira (24), Ghani e Abdullah passaram o dia debatendo a conjuntura afegã com parlamentares no Capitólio.
Em campanha, Biden prometeu encerrar as “guerras sem fim” dos Estados Unidos. Em abril, anunciou que todas as forças americanas seriam retiradas do Afeganistão até o aniversário de vinte anos dos atentados de 11 de setembro, cometidos pela al-Qaeda em Nova York.
A decisão de Biden contrapôs um acordo estabelecido entre o Talibã e o governo de seu predecessor Donald Trump para retirar as tropas até 1° de maio.