Neste sábado (26), protestos tomaram as ruas de Ramallah, Cisjordânia ocupada, após um dos mais proeminentes críticos do Presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas falecer em custódia. Em resposta, Abbas posicionou forças de segurança para confrontá-los.
As informações são da agência de notícias Reuters.
Nizar Banat foi preso por forças da Autoridade Palestina que invadiram a casa de um familiar onde se hospedava, na madrugada de quinta-feira (24). Segundo testemunhas, Banat foi agredido com uma barra de metal e então levado pela polícia.
A morte de Banat incitou três dias consecutivos de protestos na Cisjordânia ocupada. Entre as reivindicações, está um inquérito independente internacional.
Neste sábado (26), policiais palestinos foram enfileirados nas ruas e obstruíram a passagem dos manifestantes ao atacá-los com cassetetes, como registrou um vídeo da Reuters.
Os oficiais de segurança — alguns com equipamento de choque, outros à paisana — também dispararam gás lacrimogêneo e agrediram jornalistas, segundo fontes locais. Não há estimativa oficial de quantas pessoas foram presas ou feridas.
Talal Dweikat, porta-voz dos serviços de segurança da Autoridade Palestina, afirmou que o comitê de inquérito sobre a morte de Banat deu início a seus trabalhos e exortou a população a aguardar os resultados. Porém, não comentou sobre a violência policial.
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O Sindicato dos Jornalistas Palestinos condenou os ataques conduzidos pelas forças de segurança contra profissionais de imprensa que cobriam os protestos.
“Os ataques a jornalistas por policiais representam um novo episódio bastante grave no massacre em curso contra a liberdade de expressão e a imprensa”, declarou o sindicato.
Banat, ativista social de 43 anos, era crítico contumaz da Autoridade Palestina, ao denunciar, por exemplo, o cancelamento das eleições parlamentares em maio e atos de corrupção em uma recente negociação com Israel para trocar vacinas contra o coronavírus.
Banat também registrou-se como candidato ao parlamento.
O protesto de ontem marchou pelas ruas de Ramallah com bandeiras palestinas e fotografias de Banat e reivindicou o fim do governo ilegítimo de Abbas, no poder há 16 anos.
“Queremos uma reforma política completa, que reflita verdadeiramente os interesses do povo palestino”, observou o manifestante Esmat Mansour.
Grupos de direitos humanos alertam que Abbas regularmente manda prender críticos e opositores políticos. Um oficial da organização internacional Human Rights Watch (HRW) reiterou que o caso de Banat não representa “nenhuma anomalia”.
Abbas e a Autoridade Palestina, que exerce uma autonomia limitada sobre a Cisjordânia ocupada, rejeitam as acusações de corrupção e prisões políticas.