Um dos principais sindicatos britânicos, ASLEF, publicou um artigo em seu jornal mensal destacando o apartheid israelense. Este é outro sinal da crescente consciência do racismo sistêmico que os palestinos sofrem sob a brutal ocupação militar de Israel.
Sob o título “Não há paz sem justiça”, o artigo foi escrito por Hussein Ezzedine, secretário da seção de Edimburgo do sindicato dos motoristas de trem de 22 mil associados. Ele denunciou o sionismo como uma ideologia racista e convocou os leitores a se juntarem ao movimento global de boicote, desinvestimento e sanções (BDS). O BDS busca acabar com o racismo estrutural na Palestina ocupada, assim como as sanções internacionais desempenharam um papel importante no desmantelamento do regime de apartheid na África do Sul.
“Na verdade, é muito simples”, escreveu Ezzedine ao apontar que o sionismo é uma ideologia racista. “Há um ocupante e um ocupado. Há os limpadores étnicos e os limpos etnicamente. Há discriminação e as vítimas de discriminação”.
Ele exortou os leitores a pensar sobre sua visão de Israel. “Precisamos mudar a narrativa. Você não consegue derrubar uma colônia inteira em cima de uma terra habitada, esmagar os habitantes por décadas e então reivindicar legítima defesa toda vez que eles retaliarem!”
Não pode haver igualdade, argumentou o funcionário da ASLEF. “Por sua própria natureza [Israel] coloca um povo acima do outro.”
Suas observações ecoam a conclusão da Human Rights Watch, que declarou que Israel é um estado de apartheid. O ativo grupo israelense de direitos humanos B’Tselem também classificou Israel como um estado de “apartheid” que “promove e perpetua a supremacia judaica entre o Mar Mediterrâneo e o Rio Jordão”.
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Depois de destacar “as realidades brutais deste projeto colonial [israelense] e o que se tornou a ocupação militar mais longa do mundo nos tempos modernos”, o artigo ofereceu uma série de sugestões sobre como as pessoas podem dar apoio prático aos palestinos, incluindo apoio ao BDS. “Devemos defender o princípio simples de que os palestinos têm os mesmos direitos que o resto da humanidade.”
Previsivelmente, o artigo foi condenado por um dos principais grupos anti-palestinos da Grã-Bretanha. “Os membros judeus da ASLEF ficarão muito preocupados em ver o sindicato publicando uma tirada unilateral e ofensiva contra o sionismo”, disse a presidente do Conselho de Deputados dos judeus britânicos, Marie van der Zyl, no Jewish Chronicle. Ela também denunciou o artigo como “uma perspectiva vergonhosamente tendenciosa do conflito Israel-Hamas”.
Este comentário pareceu ser uma tentativa do Conselho de Deputados de desviar a atenção do verdadeiro problema, que é a ocupação e colonização da Palestina por Israel, de 73 anos, e não um “conflito” com o Hamas.