Centenas de crianças estão detidas em prisões para adultos no nordeste da Síria, disse o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) nesta quarta-feira, revelando pela primeira vez essa situação de reclusão, informou a Reuters.
As crianças, em sua maioria meninos, foram levadas para as prisões após serem removidas de al-Hol, um acampamento no deserto dirigido pelas forças curdas sírias para sessenta mil pessoas de mais de sessenta países, disse a organização de ajuda. A maioria são mulheres e crianças que fugiram após o colapso dos últimos enclaves do Daesh há dois anos.
As autoridades locais disseram que muitos estão associados aos combatentes do Daesh.
“Centenas de crianças, a maioria meninos, alguns com até doze anos de idade, estão detidos em prisões para adultos, lugares aos quais simplesmente não pertencem”, disse Fabrizio Carboni, diretor regional do CICV para o Oriente Médio, em uma coletiva de imprensa.
LEIA: Regime Assad prende padeiro sírio por excesso de farinha
O CICV fez 36 visitas a locais de detenção em toda a Síria no ano passado, a única agência com tal acesso, e exigiu conversas privadas com os detentos sobre seu tratamento e condições, mas suas conclusões confidenciais são compartilhadas apenas com as autoridades. E tem acesso a alguns locais de detenção no nordeste da Síria – uma área controlada por curdos sírios – disse uma porta-voz, recusando-se a dar detalhes.
O CICV também renovou seu apelo aos países para repatriar seus nacionais do campo al-Hol e manter as famílias unidas, “como exige o direito internacional”.
Carboni, que já visitou al-Hol quatro vezes nos últimos dois anos, disse: “Eu realmente não posso me acostumar a ver tantas crianças atrás de arame farpado”.
O CICV administra um hospital de campo e fornece comida e água no extenso local. As necessidades médicas continuam enormes, com um aumento de morte das crianças residentes no ano passado, incluindo algumas por condições evitáveis, disse Carboni.
A UNICEF disse que oito crianças com menos de 5 anos morreram no acampamento em agosto passado, metade delas devido a complicações relacionadas à desnutrição. As outras mortes ocorreram devido a desidratação por diarréia, insuficiência cardíaca, sangramento interno e hipoglicemia, disse a agência das crianças da ONU.