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De Homs na Síria ao Clube Homs em SP

Uma história de imigração contada por Heloisa Dib na série Eu e o Brasil

No próximo sábado (3), o Monitor do Oriente Médio fará o lançamento de mais um episódio da série Eu e o Brasil, desta vez trazendo a história e o trabalho de uma descendente de sírios da cidade Homs que dedica a vida a buscar e reconstruir fios da meada da imigração e da cultura árabe no Brasil.

Heloisa Abreu Dib Julien, coordenadora do Projeto de Digitalização da Memória da Imigração Síria e Libanesa no Brasil, parceria entre a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira e USEK – Líbano, descobriu bem jovem a riqueza da memória da família, reunindo álbuns antigos e fotos dispersas que ajudaram a explorar uma parte importante de sua identidade: a cultura árabe. Tanto o avô, Zaki Dib, que chegou ao Brasil no início da década de 1910, e a avó Afifi Anis Sarruf Dib, que só viria em 1922, sairam da mesma cidade Homs. Casaram-se em 1926 e tiveram 4 filhos.

Eles fizeram parte de uma onda migratória do início do século XIX que trouxe ao Brasil cerca de 500.000 imigrantes, quando a população da Grande Síria não ultrapassava os três milhões, de acordo com a reportagem do jornalista Nour Alwan publicada em seu jornal, Noon Post.

ASSISTA: Eu e o Brasil, segundo episódio: a luta do jovem sírio que fundou o “Centro da língua árabe”

Zaki foi um dos fundadores do Clube Homs, em 1920, uma instituição que tem até hoje uma grande importância na vida, pesquisa e trabalho de Heloísa. Sua biblioteca reúne milhares de livros que falam sobre a comunidade, história e literatura árabe. O clube é considerado um dos mais antigos no continente em termos de organização, acervo e serviços, e está localizado em uma área de mais de 16 mil metros quadrados na Av Paulista. Entre as áreas esportivas e culturais, Heloisa passou a infância e adolescência no clube, onde seu pai , Claudio Zaki DIB, físico e professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e dos principais responsáveis pela introdução, no país e na América Latina, da Tecnologia da Educação aplicada ao processo ensino-aprendizagem de física, foi diretor cultural e vice-presidente do clube por vários anos.

Tendo trabalhado na documentação das famílias Sarruf e Dib, a grande paixão de Heloisa estava mesmo em reconstruir a memória e difundir a cultura árabe em cursos e publicações. Em colaboração com a Holy Spirit University of Kaslik – Ordem Libanesa Maronita e a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira ela documenta a imigração síria e libanesa para o Brasil.

Ńa biblioteca do Clube Homs, ela transita por estantes envidraçadas de documentos importantes, quase relíquias, entre eles alguns dos exemplares dos cerca de 300 títulos de revistas e jornais que os imigrantes recém-chegados ao Brasil produziram e publicaram, criando pontes entre o mundo árabe que deixaram – quase todas as famílias imigrantes assinavam jornais egípcios por exemplo – e a vida que começavam a assumir, definitivamente para a maioria, no Brasil.

LEIA: Um pouco da literatura árabe nas Américas

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