O ministro da Energia da Arábia Saudita condenou a oposição dos Emirados Árabes a uma proposta de acordo da OPEP + para aumentar a produção e estender os cortes, em um claro exemplo da crescente cisão entre os dois Estados do Golfo.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (OPEP+) votaram por elevar a produção de petróleo em dois milhões de barris por dia de agosto a dezembro deste ano, ao mesmo tempo em que estendeu os cortes restantes até o final de 2022. O objetivo do negócio, após os efeitos da pandemia da covid-19, deveria contribuir para a recuperação global atendendo às demandas dos consumidores por mais petróleo bruto.
Os Emirados Árabes se opuseram ao negócio ontem, porém dizendo que, embora a produção de petróleo deva ser aumentada, a extensão do fornecimento deve ser para outra reunião enquanto uma revisão das referências de produção de base é conduzida.
O ministro da Energia do reino, príncipe Abdulaziz Bin Salman, reagiu ontem em uma entrevista ao canal saudita Al Arabiya.
“A extensão é a base e não uma questão secundária”, explicou. “Você tem que equilibrar a abordagem da situação atual do mercado com a manutenção da capacidade de reagir a desenvolvimentos futuros […]. Se todos quiserem aumentar a produção, então deve haver uma extensão.”
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O príncipe pediu “compromisso e racionalidade” dos Emirados Árabes. “Grandes esforços foram feitos nos últimos 14 meses que forneceram resultados fantásticos e seria uma pena não manter essas conquistas.”
Durante a pandemia e após a guerra do preço do petróleo entre a Arábia Saudita e a Rússia no início do ano passado, o mercado global esteve em desordem e a demanda por petróleo despencou. Os estados membros da OPEP+, portanto, concordaram em cortar sua produção em 10 milhões de barris por dia desde maio do ano passado, com o objetivo de eliminar esse plano até o final de abril de 2022.
A disputa entre Riyadh e Abu Dhabi é vista por muitos como o aumento de um fosso entre os dois que se desenvolveu nos últimos anos. Suas raízes estão na decisão dos Emirados Árabes Unidos de diminuir seu papel na guerra em curso no Iêmen, na qual lutou na coalizão liderada pelos sauditas.
Também se segue a anos de especulações de que a Arábia Saudita pretende se tornar um líder econômico e empresarial na região. Isso poderia desafiar a posição dos Emirados Árabes como centro regional de negócios. A oposição dos Emirados ao acordo OPEP+ pode ser a maneira de Abu Dhabi de flexionar seus músculos contra Riad.
Seguindo a oposição dos Emirados Árabes, a Arábia Saudita proibiu ontem viagens de e para os Emirados – bem como Etiópia e Vietnã – enquanto alegava que era devido à pandemia em andamento. Observadores sugeriram, no entanto, que isso é parte da crescente cisão entre Riad e Abu Dhabi.