Hashtags árabes opostas “Barragem Renascença” e “Encha a Barragem” estão em alta no Egito e na Etiópia após a notícia de que Addis Abeba iniciou a segunda fase de enchimento da barragem, um reflexo de como a questão se tornou polarizada entre os dois países da bacia do Nilo.
Os estados a jusante, Egito e Sudão, estão em uma disputa com a Etiópia há quase dez anos, sustentando que encher a barragem diminuirá seu suprimento de água.
O Egito é fortemente dependente da água do Nilo, que usa para água potável, agricultura e eletricidade, e queria chegar a um acordo vinculativo sobre sua parcela de água antes de o reservatório da barragem ser enchido.
#Ethiopia lost 1 billion cubic meters of the 1st filling when trying to dry the middle spillway by opening 2 bottom outlets in April.
Raised it to 573 m to store 3 to 5 bcm this season.
The water will fall by the end of this July#أثيوبيا, #سد_النهضة pic.twitter.com/mv86Ta1ByW
— magedmahmoud (@magedmahmoudEGY) July 6, 2021
Alguns até afirmam que é uma questão de vida ou morte.
life or death for us#سد_النهضة pic.twitter.com/lFdQfx9cUR
— 𝑨𝒍𝒊 𝑭𝒂𝒕𝒉𝒚 (@fath41115857) July 6, 2021
Em março, após mais uma rodada de negociações fracassadas, desta vez na República Democrática do Congo, Abdel Fattah Al-Sisi advertiu que o Egito não permitiria que uma “única gota” de sua água fosse retirada e que “nossa resposta em caso de comprometê-lo terá efeitos sobre a estabilidade de toda a região”.
Os usuários do Twitter agora o estão instigando, refletindo as manchetes polarizadas da mídia sobre o assunto e perguntando onde está o exército egípcio.
Do it Egyptpic.twitter.com/UBQhVyrmL2
— Exploration🇸🇦 (@OnlyExploration) July 6, 2021
Em maio, as autoridades egípcias prenderam um ex-embaixador, porque ele criticou a forma como o governo lidou com a crise da Barragem Renascentista.
A insatisfação nas ruas com a forma como Al-Sisi lidou com as negociações levou o denunciante egípcio Mohamed Ali a convidar as pessoas a tomarem as ruas em 10 de julho por uma “Revolução do Nilo” contra o fracasso das autoridades em enfrentar a Etiópia.
Agora, os egípcios estão pedindo às autoridades que tomem medidas mais sérias e recebam apoio internacional sobre o assunto.
The current status quo is unacceptable, today Egypt received an official letter from Addis Ababa telling them that they started filling the lake behind the GERD for the 2nd year!! Well, more serious action should be taken…#ethiopia#سد_النهضه #الملء_الثاني pic.twitter.com/rEXkI2RjZM
— Youssef Abouelela (@yousefabouelela) July 5, 2021
If the world does not stand with Egypt on the Nile issue, the whole world will stop if Egypt enters a war, as happened in 67 and 73 #سد_النهضة#EgyptNileRights#النيل_حياة_المصريين
— Free Citizen (@whoami201920) July 5, 2021
Enquanto isso, na Etiópia, os usuários das redes sociais estão celebrando a segunda etapa do enchimento da barragem: “Glória à Etiópia”, escreve um, acima das fotos do segundo enchimento. “Você está pronto para comemorar?” escreve outro.
Are you ready to celebrate.
2nd filling of the #GERD has began…🇪🇹 #FillTheDam
🇪🇹 #FillTheGERD
🇪🇹 #ItsMyDam
🇪🇹 #ItsOurDam
🇪🇹 #ItsEthiopianDam
🇪🇹 #ItsAfricanDam pic.twitter.com/NPj9jIaHq2— Idris M. Sanusi 🇳🇬🇪🇹 (@sanusi90064) July 5, 2021
Congratulations 👏👏👏!!!
Ethiopia officially notified Egypt about the start of the 2nd filling of the massive #GERD reservoir. The dam is the contribution of every Ethiopian and I am so excited for the future of my beloved Ethiopia 🇪🇹.#ItsMyDam #FillTheDam #UnityForEthiopia pic.twitter.com/jnBvU54fIE— Tariku Gankisi (Dishtagina) (@tariku_gankisi) July 6, 2021
Os Tratados da Água do Nilo, acordos da era colonial entre os britânicos, o Sudão e o Egito, afirmam que os países a montante não podem usar a água do Nilo sem o consentimento dos países a jusante. Em última análise, o Egito pode vetar projetos mais acima do Nilo que têm o potencial de afetar seu acesso à água e eletricidade.
Três décadas depois, o tratado foi atualizado para alocar ao Egito 55,5 bilhões de metros cúbicos de água e ao Sudão 18,5 bilhões, com os estados a montante não recebendo nada.
Durante anos, os estados do Nilo pediram uma mudança no domínio do Egito sobre o rio. A Etiópia acabou construindo a barragem em 2011, aproveitando a turbulência causada pela revolução no Egito.
#Ethiopia🇪🇹 vs #Egypt🇪🇬#Egypt has zero contribution to Nile River with 100% utilization, But #Ethiopia has 86% contribution with zero utilization. We're very sure that, this will be History coming soon without harming the downstream countries.#FillTheDam pic.twitter.com/kbUwk997QY
— Kiyya Sissay🇪🇹 (@KiyyaDechasa) July 4, 2021
A embaixada da Etiópia postou que a barragem seria vantajosa para todos os países da bacia do Nilo, não apenas a Etiópia, refletindo o que os pesquisadores disseram, que o desenvolvimento da barragem poderia ter um efeito cascata e impulsionar a indústria e criar mais empregos para os outros países do Nilo.
❝The #GERD stands as a beacon of hope for all Africans. The use of a hydroelectric dam, which doesn't consume the water but rather allows it to continue its flow to #Sudan and #Egypt, will finally allow the lights to turn on in all Nile Basin countries.❞#Ethiopia #ItsMyDam pic.twitter.com/zrR5QN2LiB
— Ethiopian Embassy UK | #EthiopiaInUK 🇪🇹🇬🇧 (@EthioEmbassyUK) July 6, 2021
Apesar disso, os três países estão em negociações há uma década, com pouco a mostrar a respeito.
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