As tropas britânicas estão conduzindo operações secretas no Iêmen, treinando as forças sauditas, de acordo com um relatório do site investigativo Declassified.
A publicação afirma que os militares estão alocados no aeroporto de Al-Ghaydah, na região leste do país, província de Al-Mahra, onde estão há vários meses, local que, no ano passado, a Human Rights Watch (HRW) afirmou que os sauditas usavam como centro de detenção e interrogatório, onde ocorriam torturas e rendições ilegais no reino.
Citando um jornalista local inserido nas forças sauditas, a reportagem revelou que as tropas britânicas foram vistas no aeroporto este ano, alegando: “Eles são uma força de direitos plenos. Não podemos menosprezar”.
Um sheikh tribal que liderou protestos contra a ocupação saudita declarou, no relatório, que os funcionários do aeroporto viram tropas britânicas no interior. Hameed Zaabnoot disse: “As tarefas atribuídas a eles até agora são de treinamento militar e apoio logístico, tanto para as forças sauditas quanto para as milícias apoiadas pelos sauditas que são elementos do Conselho de Transição do Sul”.
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“O número nas forças britânicas está entre vinte e trinta instrutores, dos quais dez são permanentes”, acrescentou Zaabnoot.
No mês passado, em uma entrevista no canal Almahriah TV do Iêmen, o embaixador britânico no Iêmen, Michael Aron foi questionado sobre as alegações das forças britânicas no país. Aron aparentemente não negou as alegações, dizendo: “Nós apoiamos os esforços de combate ao terrorismo e contrabando. Esta é nossa posição por muito tempo”, acrescentando que “temos boas e profundas relações com o governo legítimo”.
Os relatórios corroboram os da Agência de Imprensa do Iêmen, sediada em Sanaa, que no início do ano noticiou soldados americanos e britânicos no aeroporto de Al-Ghaydah. Eles citaram ativistas, afirmando que as forças estavam presentes no final de novembro passado, coincidindo com uma “visita surpresa” do embaixador americano no Iêmen, Christopher Henzel, à província.
No ano passado, o Sheikh Ali Al-Harizi, líder de um movimento de resistência local na província, apelou para uma revolta armada contra a ocupação. Em fevereiro, Al-Harizi acusou as forças britânicas de treinarem agentes de espionagem para espionar os ativistas das tribos. Suspeita-se que os sauditas estejam ocupando Mahra a fim de obter acesso direto ao Oceano Índico, com planos de construir um oleoduto desde a província oriental do reino até o mar, evitando assim a dependência do Estreito de Hormuz.
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