Nesta sexta-feira (9), o parlamentar palestino Jamal Al-Khodari exortou novamente a comunidade internacional a pressionar Israel a abrir as travessias da Faixa de Gaza, dado que o fechamento impõe risco de vida aos dois milhões de residentes do território costeiro.
Em nota, Al-Khodari — presidente do Comitê Popular contra o Cerco a Gaza — relatou que bens estimados em US$60 milhões pertencentes a comerciantes palestinos continuam bloqueados nos postos de controle israelenses há sessenta dias.
Al-Khodari reivindicou intervenção urgente da União Europeia e do Secretário-Geral das Nações Unidas António Guterres, a fim de salvar os habitantes de Gaza das duras condições de vida impostas pelo cerco militar israelense.
O parlamentar agradeceu os apelos de Lynn Hastings, coordenadora humanitária para os territórios palestinos ocupados, pelo fim do bloqueio a Gaza.
Após visitar a região, declarou Hastings:
Sem um retorno à entrada regular de produtos a Gaza, a capacidade das Nações Unidas e nossos parceiros de entregar socorro urgente está em risco, assim como a subsistência e os serviços básicos da população palestina.
Prosseguiu: “As Nações Unidas estimam que 250 mil pessoas [em Gaza] carecem de acesso regular à água encanada e ao menos 185 mil pessoas recorrem a água contaminada ou pagam preços excessivos por garrafas ou galões d’água”.
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“O setor agrário, fonte essencial de alimentos e renda, também está em risco, incluindo a colheita atual”, destacou a coordenadora da ONU.
“Necessidades humanitárias, incluindo retomada de saneamento básico e saúde, e a reconstrução de Gaza não podem ser alcançadas sem a entrada de diversos suprimentos, como equipamentos e materiais de construção para reparos e ações humanitárias”.
“A cessação da entrada de bens comerciais impacta o trabalho de centenas de empresários do setor privado de Gaza e a renda de milhares de trabalhadores”, acrescentou Hastings.
“As exportações de Gaza, fundamentais à subsistência, estão virtualmente interrompidas”, argumentou. “Obstáculos enfrentados pelo setor privado precisam ser removidos para recuperá-lo e retomar seu papel como motriz de desenvolvimento e geração de empregos”.
Concluiu Hastings: “Conclamo Israel a atenuar as restrições ao movimento de bens e pessoas da Faixa de Gaza, conforme a resolução 1860 (2009) do Conselho de Segurança das Nações Unidas, com objetivo de suspender o cerco, em último caso”.
“Apenas ao suspender os fechamentos debilitantes podemos ter esperanças de uma solução sustentável para a crise humanitária e de uma estabilidade de longo prazo”.
Al-Khodari enfatizou que o fechamento das travessias implica em perdas massivas à economia de Gaza, à medida que 90% das fábricas locais deixaram de operar e que o desemprego supera 60% da população disponível.
Segundo o parlamentar palestino, as travessias e as condições de vida da comunidade civil não devem ser parte da equação política e de segurança.
“Fechar as travessias é uma violação flagrante da lei internacional, da Quarta Convenção de Genebra e da Declaração Universal de Direitos Humanos”, reiterou.
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