É conhecida a relação umbilical da entidade sionista na forma de Estado de Israel e o imperialismo dos EUA. Para além das denúncias e discursos, temos evidências diretas de como ocorre tanto o financiamento militar dos colonialistas, como também a complementaridade entre os altos níveis decisórios de ambas as potências. Os Estados Unidos tem no sionismo o seu aliado estratégico no Oriente Médio, uma cabeça de ponte dentro do Mundo Árabe e Islâmico. E para consolidar esta posição, o front interno opera na política doméstica estadunidense.
Em artigos anteriores fizemos um relevo das principais entidades do lobby israelense dentro dos Estados Unidos, assim como o jogo duplo da Liga Anti-Difamação . Neste texto apresentamos o Instituto Judaico de Segurança Nacional da América (Jewsih Institute for National Secutiry of America, JINSA na sigla em inglês, jinsa.org). As credenciais autodeclaradas da instituição militarista não deixa margem de dúvida sobre o que são, para que servem e menos ainda quem compõe o “think tank militarizado”.
“O Instituto Judaico para a Segurança Nacional da América (JINSA) se dedica a educar os legisladores, militares e civis responsáveis pelas decisões de segurança nacional sobre a defesa americana e os interesses estratégicos, principalmente no Oriente Médio, cuja pedra fundamental é uma sólida cooperação de segurança entre os Estados Unidos e Israel. A JINSA acredita que uma postura militar forte e de segurança nacional é a melhor garantia da paz e da sobrevivência de nossos valores e civilização”.
Ao afirmarem a “defesa dos valores e civilização” suponho que seja o racismo estrutural tanto dos EUA como do sionismo, na forma de Apartheid anti-árabe. Podemos colocar nessa falácia o “direito” a ter um arsenal nuclear capaz de destruir tudo ao redor (caso de Israel) ou mesmo o planeta inteiro (EUA). Ou então a “valoração” de serem criaturas e recriadores de posturas colônias, tanto invadindo territórios alheios e tentando subjugar populações originárias (sionismo) como ameaçando a Terra, considerando que o Império tem um gasto em “defesa” maior que todos os países que compõem a Assembleia Geral da ONU em conjunto. Quais seriam estes “valores” afinal? Imperialistas, colonialistas, racistas, de promoção do Apartheid, cinismo nas relações internacionais e o jogo sujo do capitalismo de exploração intensa? Sem mais ironias ou perguntas retóricas, ainda que o discurso de afirmação da JINSA seja pretensiosamente “virtuoso”, é uma aberração do tamanho da prepotência de uma superpotência militar protegendo os invasores europeus da Palestina.
Já a composição do “instituto” é de uma franqueza absurda. No corpo de profissionais com carga horária integral ou parcial constam dezessete pessoas, dentre estas um major general das Forças de “Defesa” Israel (Yaacov Ayish, ex-adido militar da entidade sionista para os EUA). Consta também um conselheiro adjunto para Oriente Médio do então vice-presidente Dick Cheney (2001-2005) e antes o mesmo operador (John Hannah) serviu em função semelhante para dois secretários de Estado, sendo um deles Warren Christopher (democrata) e outro republicano. O estafe profissional também conta com um ex-agente do serviço de segurança diplomático de Israel (Yaniv Menahem), treinado pela polícia política do Apartheid, a Shabak. Também consta um agente e diretor do FBI (Steven L. Pomerantz), com trinta e sete anos de serviço de vigilância doméstica e que atingiu o topo da carreira na agência criada pelo famigerado John Edgar Hoover. As demais posições de profissionais são ocupadas por típicos propagandistas disfarçados de “jornalistas”, veteranos da especulação financeira, lobistas com experiência em Washington e Tel Aviv além dos sempre presentes arrivistas acadêmicos.
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O JINSA também conta com mais níveis de consulta e participação. No Conselho de Diretores, são vinte pessoas, das quais a maioria é de executivos de transnacionais e de investimentos financeiros e uma minoria de profissionais liberais, como médicos e acadêmicos. Já a Diretoria de Consultores tem na sua composição a oitenta e três estadunidenses dos quais a absoluta maioria é de militares retirados de alta patente, além de chefes de polícia locais. São 15 generais; 17 brigadeiros; 11 generais fuzileiros; 18 almirantes e vice-almirantes; três xerifes ou chefes de polícia; além de oficiais de patentes menores e políticos profissionais. Por fim o corpo de especialistas do Centro Gemunder conta com 62 oficiais militares, generais (EUA e IDF) e propagandistas acadêmicos fazendo lobby ou lobistas na forma de “intelectuais”.
A sinceridade abjeta está ainda mais demonstrada nos “programas” do JINSA . Todo o esforço está na aproximação de operadores militares e de polícia doméstica de ambos os países; porque em termos estratégicos, um complementa o outro. Esta pode ser uma hipótese concreta para que as falsas acusações de antissemitismo contra defensores da libertação da Palestina sejam imputadas legalmente dentro dos EUA. Ou então para o “intercâmbio de boas práticas” como nos interrogatórios forçados com torturas que não deixem marcas (característica da Shabak e incorporada em Guantánamo).
Vejamos as denominações das “atividades”: Visita de generais e almirantes para Israel, enfatizando recém passados para a reserva. Líderes militares dos EUA em Israel culminando com oito dias de visitas para trinta selecionados da entidade sionista. O caminho de volta consta de levar oficiais militares de aliados-chave dos EUA no Oriente Médio para visitar o território estadunidense. O programa de Segurança Doméstica, inaugurado após o 11 de setembro de 2001, treina e leva as práticas de controle do Apartheid Israelense através da Shabak para dentro dos EUA; é de supor que qualquer semelhança com a crescente islamofobia não seja nenhuma coincidência. Visita permanente dos “especialistas e consultores” do JINSA às bases militares dos Estados Unidos; aplicando uma política de diplomacia pública in loco. Completa a lista de atividades uma arrecadação de dinheiro a ser doado para pessoal militar estadunidense no Dia de Ação de Graças (mais importante feriado religioso do país).
Por fim, o Centro Gemunder para Estratégia e Defesa é o think tank operacional do JINSA, semeando a guerra de conquista e o roubo de território alheio como forma de “defesa avançada dos valores ocidentais” ou qualquer outra alegação cínica para a conquista e destruição de território e população nativa de origem árabe ou islamizada. É tamanha a “sinceridade” de propósito das pesquisas do dito “espaço de pesquisa” que vale um artigo exclusivo sobre isso.
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O que chama atenção deste “instituto” é que apesar de poderoso e líder de setor conservador e ultraconservador, não se trata de exceção e sim de regra nas relações Israel e Estados Unidos. As capacidades militares de ambos os países são complementares e podemos afirmar que o nível de aliança de Washington com Tel Aviv é muito mais sólido e bipartidário do que com a OTAN. Todas as combinações possíveis já ocorreram, governos concomitantes estadunidenses (democratas ou republicanos) e israelenses (direitas e “trabalhistas”) e o resultado para o povo palestino e os países árabes foi o pior possível.
O Império e a entidade sionista não tem nenhuma legitimidade como “defesa” de valores democráticos quando suas práticas são o oposto. Profissionais militares imperialistas e colonialistas se complementam na missão de limpeza étnica e roubo de riquezas e recursos. Desmontar essa “farsa de democracia” baseada no racismo é fundamental na frente internacional pela libertação da Palestina das garras do Apartheid Sionista e sua potência protetora. O JINSA é instrumento desses crimes e como tal deve ser denunciado.
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