A polícia israelense ficou prestes a exaurir seu estoque de armamentos em maio, durante sua violenta campanha repressiva contra protestos civis, revelou uma investigação interna.
Segundo as informações, armas e munições nas mãos da polícia chegaram a níveis de risco e incitaram um grito de socorro ao exército da ocupação para restabelecer suas reservas.
Um inquérito interno abrangente foi encomendado então pelo comissário de polícia Yaakov Shabtai para apurar a repressão contra atos em Jerusalém ocupada e nas cidades árabe-israelenses de Lod, Jaffa, Umm al-Fahm, Taybeh e Baqa al-Gharbiyye.
Cidadãos árabes do território considerado Israel — isto é, ocupado durante a Nakba ou catástrofe, via limpeza étnica, em 1948 — se mobilizaram em solidariedade aos palestinos de Gaza sitiada, submetidos a onze dias de bombardeios israelenses.
Na última ofensiva contra o território litorâneo, em meados de maio, ataques aéreos de Israel mataram ao menos 250 palestinos, incluindo crianças.
Comentaristas e testemunhas descreveram a violência contra os palestinos como perseguição étnica, à medida que a polícia agiu ao lado de turbas da extrema-direita israelense durante invasões orquestradas a ruas e bairros árabes.
Policiais em campo confirmaram “violência sem precedentes”, ainda maior do que na ocasião da Segunda Intifada — levante popular palestino que deflagrou-se em 2000, após uma visita provocativa do então premiê israelense Ariel Sharon à Mesquita de Al-Aqsa.
Em meio à repressão, a polícia aplicou extensivamente armamentos como gás lacrimogêneo, balas de borracha e bombas de efeito moral, além de um arsenal de alta tecnologia para dispersar manifestações, incluindo drones e rifles com cargas de gás.
A investigação demonstrou que a combinação da brutalidade repressiva com a variedade dos campos de protesto forçou a polícia a ativar “medidas de emergência”, ao recrutar tropas reservas e utilizar exaustivamente os armamentos em mãos.
Um comandante de polícia afirmou: “Caso não erradicássemos a violência dentro de quatro dias e fôssemos ordenados a manter o confronto às atividades que vivenciamos, teríamos nos encontrado sem a quantidade necessária de armas”.
A chegada de uma remessa estrangeira de armamentos para suprir a demanda policial só estaria disponível dentro de dias ou semanas, conforme as informações.
Ainda para precaver-se da iminente escassez, a polícia então solicitou a transferência de uma série de itens ao exército israelense. Entretanto, o apelo foi negado por um empecilho legal — isto é, requeria uma emenda à legislação outorgada pelo Knesset.
Após o inquérito, não obstante, Israel decidiu investir 30 milhões de shekels (US$9.18 milhões) em equipamentos de repressão policial, incluindo 320 mil bombas de efeito moral, cápsulas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Segundo a rede Ynet News, a polícia da ocupação israelense trabalha agora para adquirir mais e mais armamentos destinados à dispersão de protestos civis.