A Anistia Internacional condenou as terríveis violações cometidas contra os migrantes que são devolvidos à Líbia depois de tentarem atravessar o Mediterrâneo para ir para a Europa.
Em um relatório intitulado “Ninguém vai procurar por você: Regressados à força do mar para uma detenção abusiva na Líbia”, o grupo disse que surgiram novas evidências de “violações brutais, incluindo violência sexual, contra homens, mulheres e crianças” interceptadas no mar e devolvidas à força a centros de detenção no país norte-africano.
O relatório condena a contínua cumplicidade dos Estados europeus com os abusos, pois continuam a cooperar com as autoridades na Líbia devastada pela guerra.
Ex-detentos no centro Al-Zawiya de Trípoli, em Shara, disseram que os guardas violaram mulheres e outros foram coagidos a fazer sexo em troca de sua libertação ou de coisas essenciais como água limpa, diz o relatório.
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Duas jovens mulheres nas instalações tentaram tirar suas próprias vidas como resultado de abusos. Três mulheres disseram que dois bebês foram detidos com suas mães após uma tentativa de travessia do mar e morreram depois que os guardas se recusaram a transferi-los para o hospital para tratamento médico urgente.
Shara’ Al-Zawiya era anteriormente dirigida por grupos da milícia, mas foi recentemente integrada à Direção de Combate à Migração Ilegal da Líbia, parte do Ministério do Interior.
Apesar das repetidas promessas de lidar com tais abusos, as autoridades líbias não o fizeram – enquanto a Direção legitimou efetivamente os abusos através de sua integração de notórias instalações dirigidas por milícias, diz a Anistia.
Diana Eltahawy, diretora adjunta da Anistia Internacional para o Oriente Médio e Norte da África, disse:
“Este relatório horrível lança uma nova luz sobre o sofrimento das pessoas interceptadas no mar e retornadas à Líbia, onde são imediatamente levadas à prisão arbitrária e sistematicamente submetidas à tortura, violência sexual, trabalho forçado e outras formas de exploração com total impunidade”.