Neste domingo (18), a Turquia condenou a decisão de uma corte europeia de permitir a proibição do uso de véus em certas circunstâncias, ao descrevê-la como violação da liberdade religiosa e reiterar que a medida alimenta o preconceito contra mulheres muçulmanas.
As informações são da agência Reuters.
A Corte de Justiça da União Europeia (CJEU), com sede em Luxemburgo, decretou na quinta-feira (15) que empresas no bloco podem proibir funcionárias de usar véu sob certas condições, a fim de preservar uma imagem de “neutralidade” ao consumidor.
O Ministério de Relações Exteriores da Turquia declarou em nota que a decisão representa um grave indício do aumento na islamofobia no continente europeu, à medida que mulheres muçulmanas sofrem cada vez mais discriminação por suas crenças.
“A decisão da corte, em um momento de ascensão da islamofobia, do racismo e do ódio que sequestraram a Europa, menospreza liberdades religiosas e cria um embasamento e um verniz legal para a discriminação”, enfatizou a chancelaria em Ancara.
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No sábado (17), Fahrettin Altun, diretor de comunicação da presidência turca, condenou o parecer: “Tamanha decisão equivocada é uma tentativa de legitimar o racismo”.
A questão do hijab, véu tradicional utilizado pelas mulheres muçulmanas, representa uma forte controvérsia na Europa há anos, sobretudo com o aumento no fluxo de refugiados.
Em contrapartida, o governo do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que chegou ao poder em 2003 com uma amálgama de raízes islâmicas e abordagem de mercado, tornou-se alvo de críticas nos últimos anos por casos de autoritarismo e intolerância religiosa.
Estados Unidos, Grécia, Rússia e líderes cristãos expressaram apreensão devido à ordem do regime de reverter Hagia Sophia, na cidade de Istambul, ao status de mesquita.
Não obstante, ao acusar os países europeus de permanecer aquém das demandas no que se refere a combater a islamofobia, o governo turco prometeu publicar um relatório anual sobre exemplos globais de discriminação anti-islâmica.
Laços do regime turco com a União Europeia enfrentam tensões sobre uma série de questões, com destaque para a disputa entre Turquia e Grécia (estado-membro) sobre jurisdição marítima e direitos energéticos na região do Mediterrâneo Oriental.