‘Quem acusa o Marrocos de espionagem deve provar’, afirma Rabat

Ministro de Relações Exteriores do Marrocos Nasser Bourita na capital Rabat, 2 de julho de 2021 [Jalal Morchidi/Agência Anadolu]

Na sexta-feira (23), em entrevista à revista francesa Jeune Afrique, o chanceler marroquino Nasser Bourita exortou quem quer que acuse a monarquia de atos de espionagem a apresentar provas, ao sugerir uma resposta legal por parte do regime.

As declarações do ministro ocorrem em meio a acusações de que o Marrocos utilizou o software israelense Pegasus para espionar telefones de figuras públicas.

Na quarta-feira (21), o jornal britânico The Guardian divulgou resultados de uma investigação conduzida por dezessete organizações de imprensa, que corroborou o uso do spyware Pegasus para fins escusos, em escala global.

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A investigação observou que “governos de ao menos dez países são clientes da empresa israelense NSO”, incluindo Marrocos e Argélia.

“Cada indivíduo ou órgão que acusa o Marrocos deve apresentar evidências ou sofrer as consequências de sua difamação, perante o judiciário”, advertiu Bourita. “O papel da justiça é verificar as acusações sob provas factíveis”.

“O Marrocos tornou-se um aliado confiável entre seus parceiros, graças à eficácia reconhecida em todo mundo de seus serviços de segurança, sobretudo na guerra ao terror”, prosseguiu.

Em nota, ainda na quarta-feira, o regime marroquino negou as denúncias de espionagem.

A promotoria pública do país norte-africano decidiu também abrir um inquérito sobre as alegações e identificar as partes responsáveis pelos rumores.

Na quinta-feira (22), o Ministério de Relações Exteriores da Argélia defendeu seu direito de responder ao que descreveu como “ataque sistemático aos direitos humanos”.

Em referência ao uso do spyware israelense contra seus oficiais, declarou a chancelaria argelina: “Tais práticas inaceitáveis, ilegais e perigosas prejudicam a atmosfera de confiança que deve prevalecer nas trocas entre oficiais e representantes dos países”.

A promotoria pública argelina também confirmou a abertura de um inquérito sobre supostos casos de espionagem contra figuras locais, via Pegasus.

O software israelense é utilizado para hackear políticos e ativistas de direitos humanos e monitorar e-mails, fotografias e conversas registradas em seus celulares.

A NSO, com sede em Tel Aviv, foi fundada em 2010 e emprega cerca de 500 funcionários.

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