O judoca sudanês Mohamed Abdalrasool deixou as Olimpíadas de Tóquio após ausentar-se de uma luta marcada contra um oponente israelense.
Abdalrasool deveria enfrentar Tohar Butbul na divisão masculina até 73 kg, nesta segunda-feira (26), mas não compareceu à rodada eliminatória, apesar de participar da pesagem.
A Federação Internacional de Judô (FIJ) não anunciou imediatamente a razão para a desistência de Abdalrasool, tampouco a comissão sudanesa para os Jogos Olímpicos, segundo informações do jornal britânico The Guardian.
Antes de Abdalrasool, o judoca argelino Fethi Nourine também retirou-se da competição, na última semana, a fim de evitar uma chave contra Butbul.
“Trabalhamos muito para chegar às Olimpíadas”, afirmou Nourine, na ocasião. “Porém, a causa palestina é muito maior do que isso”.
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Nourine também recusou-se a competir contra Butbul em 2019, quando deixou o Campeonato Mundial de Judô. Segundo o atleta, seu apoio político à causa palestina torna impossível disputar uma luta contra um judoca israelense.
Em resposta, a federação suspendeu Nourine e seu treinador, Amar Benikhlef.
“Não tivemos sorte com as chaves”, afirmou então Benikhlef. “Saímos com um oponente israelense e por isso decidimos nos retirar do torneio. Foi a decisão certa”.
Em nota, o órgão esportivo alegou que a postura de Nourine contrapõe a filosofia da Federação Internacional de Judô. “Temos uma política rigorosa de não-discriminação, para prover a solidariedade e reforçar os valores do esporte”, reiterou.
Não é a primeira vez que política e Olimpíadas colidem.
Em 2004, na cidade de Atenas, o então campeão mundial iraniano Arash Mirasmaeili recusou-se a lutar contra o judoca israelense Ehud Vaks, com apoio de Teerã.
Em 2016, no Rio de Janeiro, o judoca egípcio Islam El Shehaby foi desclassificado por recusar-se a cumprimentar o israelense Or Sasson após o fim da luta.