Neste domingo (25), o Presidente da Tunísia Kais Saied destituiu o Primeiro-Ministro Hichem Mechichi, suspendeu o parlamento nacional e assumiu plenos poderes executivos.
Em discurso televisionado ao vivo, Saied também revogou a imunidade de parlamentares e defendeu suas ações sob suposta base constitucional.
Durante reunião com oficiais militares e de segurança, Saied declarou assumir a autoridade executiva do país com a ajuda de um premiê de sua escolha.
A medida ocorre após uma série de protestos em diversas cidades da Tunísia contra as políticas do governo sobre a economia e o coronavírus. Alguns manifestantes reivindicaram a dissolução do legislativo.
Rached Ghannouchi, presidente do parlamento e líder do movimento Ennahda, acusou Saied de executar “um golpe contra a revolução e a constituição”.
Em 2011, a Tunísia tornou-se pioneira nos protestos populares da Primavera Árabe, ao depor o longevo ditador Zine el Abidine Ben Ali.
Em entrevista à Reuters, declarou Ghannouchi: “Consideramos que as instituições ainda estão de pé e apoiadores do Ennahda e todo o povo tunisiano defenderão a revolução”.
“As decisões tomadas pelo presidente Saied são uma grave violação da Constituição”, afirmou em comunicado o partido Coração da Tunísia, ao reiterar seu compromisso com o estado de direito, as instituições e a legitimidade eleitoral.
O Coração da Tunísia também reivindicou todos os partidos no país a reconhecer as “demandas legítimas” do povo tunisiano e evitar “falsas batalhas políticas”.
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