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Acadêmicos citam apartheid, pedem boicote europeu a universidades de Israel

Manifestantes reivindicam boicote a Israel em Londres, Reino Unido, 5 de setembro de 2020 [Bilal Acar/Agência Anadolu]

Os apelos por boicote a Israel ganharam novo impulso após 116 acadêmicos de 21 países emitirem uma carta à Comissão Europeia para exortar o bloco a desinvestir cerca de US$100 bilhões de universidades que apoiam o apartheid e violações de direitos humanos.

O objetivo dos signatários é combater recursos do maior programa europeu destinado a pesquisa e inovação em Israel, conhecido como Horizonte 2020. No período de sete anos, espera-se o envio de US$112 bilhões ao estado ocupante.

O grupo reiterou que a União Europeia já assumiu uma “posição de princípios” em suas diretrizes de financiamento do programa, ao proibir a aplicação de recursos a pesquisas ou entidades israelenses situadas nos territórios palestinos ocupados.

“Trata-se de uma posição de princípios, em respeito à lei internacional”, insistiu a carta. “As entidades israelenses instaladas nos territórios ocupados e sobre terras palestinas são estruturalmente engajadas em crimes de guerra e violações humanitárias”.

Embora notável, a posição do bloco não basta para abordar a realidade atual da ocupação israelense, argumentaram os professores e pesquisadores — todos beneficiários de recursos de pesquisa da União Europeia, no passado ou no presente.

“O xis da questão vai além dos territórios palestinos ocupados”, enfatizou a carta, ao destacar o consenso estabelecido entre proeminentes organizações de direitos humanos de que Israel pratica apartheid dentro da chamada Linha Verde — fronteiras estabelecidas em 1949.

“É fundamental estender a proibição do financiamento europeu a instituições israelenses coniventes com as violações de direitos humanos do povo palestino, não importa onde estão”, prosseguiram os signatários.

“De fato, a cumplicidade de instituições acadêmicas israelenses à violência estrutural na Palestina histórica é vasta e sistematicamente documentada”, inferiu o grupo, ao listar exemplos do apoio institucional a políticas coloniais discriminatórias.

“As universidades israelenses perpetuam modalidades de racismo institucional contra seus estudantes palestinos e violam direitos fundamentais de liberdade acadêmica e liberdade de expressão”, relatou a carta aos representantes da Europa.

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“Alguns dos mais proeminentes professores de ética nas universidades de Israel desenvolvem justificativas ‘morais’ para o assassinato de civis e crimes de guerra”, reafirmou o grupo.

Os acadêmicos também citaram relatórios recentes de grupos de direitos humanos — como a ong israelense B’Tselem e o Human Rights Watch — que concluíram que Israel ultrapassou os limites do racismo sistêmico e estrutural para ser considerado um estado de apartheid.

“Dadas as evidências do vínculo entre instituições acadêmicas israelenses e práticas de colonialismo do estado, seus crimes de perseguição e apartheid, que culminaram novamente na última rodada de violência, exortamos por sua influência”, concluiu a carta.

Os 116 acadêmicos juntam-se a outros pesquisadores e instituições em nome do boicote ao apartheid israelense, em solidariedade com o povo palestino.

Ainda neste mês, o corpo discente da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) reivindicou boicote a Israel. Em maio, 400 acadêmicos da Universidade de Nova York (NYU) defenderam em carta a “não-cooperação” com o campus de Tel Aviv.

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