A onda de frio que avançou sobre a região sul e sudeste no mês de julho e que voltará esta semana após um leve arrefecimento já mexeu com os contratos futuros para setembro do café arábica na ICE , que subiram bastante nesta segunda-feira (26), na maior alta nos últimos seis anos.
A preocupação é com o efeito das geadas que podem arrasar com os cafezais brasileiros.
As regiões agrícolas do Brasil prejudicadas na última semana chegam a 200.000 hectares (495.000 acres) de fazendas de café arábica, ou 11% da área total dessa variedade. Os cultivos de Minas Gerais, que é maior Estado produtor de café brasileiro, foram fortemente atingidos. Devido ao frio intenso no sul do país nas útlimas décadas a produção foi transferida para o centro do estado mineiro, onde estão mais de 70% dos cafeeiros arábica do Brasil.
Com isso, os preços futuros dessa variedade subiram cerca de 35% desde o final deste mês, o que deve impactar os preços das grandes marcas nas próximas semanas.
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O café arábia é a variedade mais vendida pelo Brasil, e alcançou 79,3% do café exportado em 2020, enquanto o conilon (variedade também chamada robusta) correspondeu a 11,4% e o solúvel a 9,3%no mesmo período. Os contratos futuros do café robusta para setembro fecharam em alta de 65 dólares, ou 3,4%, em 1.964 dólares a tonelada.
Os principais destinos de café brasileiro são Estados Unidos, que importaram 18,5% do total da produção em 2020, e a Alemanha, compradora de 17%. A alta no preço pode impactar as exportações que vinham crescendo nos últimos anos, especialmente nos países árabes.
Em 2020, o total acumulado das exportações brasileiras, de acordo com dados do Conselho de Exportadores de Café (Cecafé) chegaram a 39,8 milhões de sacas, com um aumento de 5,7% em relação a 2019. O interesse do bloco árabe pelo produto brasileiro vem crescendo a taxa média anual de 11,2% desde 2016, segundo o conselho, sendo que em 2020, os países árabes importaram 1,89 milhão de sacas de 60 kg, com alta de 12,9% em relação a 2019.
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