No domingo, o presidente da Tunísia, Kais Saeid, assumiu poderes de emergência para demitir o primeiro-ministro, suspender o parlamento e a imunidade dos parlamentares e assumir a autoridade do governo.
O local de nascimento da Primavera Árabe ganhou as manchetes desde o fim de semana, quando o chefe de estado anunciou um toque de recolher de um mês e proibiu reuniões de mais de três pessoas.
Tanques militares cercaram o parlamento e o palácio do governo enquanto as forças de segurança invadiam o escritório da Al Jazeera.
Foi em uma pequena cidade na Tunísia onde a autoimolação de Mohamed Bouazizi levou a protestos da Primavera Árabe em toda a região em 2011 contra a pobreza, o desemprego e a favor da liberdade civil e eleições justas.
Dez anos depois, o desapontamento é tangível, pois a corrupção e o desemprego continuam generalizados, e a raiva se transformou em protestos exacerbados pelo tratamento inadequado do governo com a pandemia do coronavírus.
Apesar disso, grupos de oposição chamaram a iniciativa de Saeid de golpe, com muitos usuários de mídia social postando sob a hashtag árabe: “Tunísia se levanta contra o golpe“.
It’s a coup.
It’s a coup.
It’s a coup.
It’s a coup.
it’s a coup.
it’s a coup.
it’s a coup.
However it will be a disaster for those behind it.#TheDevilJudge #Tunisia #تونس #تونس_تنتفض #LET US BREATHE freedom #تونس_تنتفض_ضد_الانقلاب #تونس_تنتفض_ضد_الاخوان #قيس_سعيد pic.twitter.com/KvgH9SDZJv— Dr Abdurahim Almalki (@DrAbduraheem) July 27, 2021
Vários egípcios, que viveram um golpe em 2013 e suas consequências brutais, estão comentando à medida que os eventos se desenrolam.
De forma preocupante, o presidente da Tunísia elogiou no passado a ditadura militar do Egito, agora considerada a mais repressiva de sua história moderna.
O apresentador da Al Jazeera, Ahmed Mansour, tuitou que, com os acontecimentos desta semana na Tunísia, as liberdades civis conquistadas durante a revolução foram perdidas.
أخطر ما يهدد الشعب التونسي بعد الإنقلاب علي ثورته هو فقدان أهم مكتسبات الثورة وهو الحريات العامة وتوقف الأمن عن التغول علي حقوق الناس كل هذا أصبح مهددا الآن في ظل التهديدات الفضفاضة لقائد الإنقلاب فإذا فقد التوانسة حرياتهم فقدوا آدميتهم وضاعت تضحياتهم #تونس_تنتفض_ضد_الانقلاب
— A Mansour أحمد منصور (@amansouraja) July 27, 2021
O jornalista Ahmed Muaffaq disse que os regimes tirânicos árabes não ficarão felizes até que as revoluções tenham sido completamente esmagadas.
الدرس الوحيد لبعض الثورات العربية التي رضيت بربع أو نصف تسوية مع الاستبداد العربي أن الأخير لن يرضى عن سحقها، وأن ما عرضه كفار قريش يوماً لهم ويوماً لمحمد صلى الله عليه وسلم غير وارد في قاموس المستبد العربي استجداء الاستبداد عبث.. وغير القوة لا تُجدي.#تونس_تنتفض_ضد_الانقلاب
— د ـ أحمد موفق زيدان (@Ahmadmuaffaq) July 26, 2021
O escritor e jornalista sírio Qatyba Yassen disse que na Tunísia o golpe foi apoiado pelo inimigo do povo e por amigos de tiranos e colonizadores.
#تونس هي الشوكة في حلق كل أعداء الربيع العربي ولن يهنأ لهم بال إلا باقتلاعها
يؤرقهم رؤية مجتمع عربي يتمتع بالديمقراطية ويكسر نظريتهم التي تقول بأن "العرب لا تليق بهم الديمقراطية"
في تونس انقلاب يدعمه شيطان العرب عدو الشعوب وصديق الطغاة والاحتلالات بأنواعها#تونس_تنتفض_ضد_الانقلاب— قتيبة ياسين (@k7ybnd99) July 26, 2021
O assessor do ministro da Informação do Iêmen comentou que são os inimigos das revoluções árabes – os países do Golfo que apoiaram a contrarrevolução no Iêmen – e aqueles que se opõem à mudança que estão com o golpe na Tunísia.
أعداء الثورات العربية من دول الخليج هم من يقفون مع انقلاب تونس، قبل ذلك قدموا دعم للثورة المضادة في اليمن وسلموا اليمن لمليشيات الحوثي نكاية بحزب الإصلاح انهم أعداء الحريات والديمقراطية والتغيير. الشعب التونسي سيقف مع الثورة والديمقراطية والحرية#تونس #تونس_تنتفض_ضد_الانقلاب
— مختار الرحبي (@alrahbi5) July 26, 2021
Nos dias que se seguiram ao golpe no Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Kuwait declararam que estavam dando ao Egito um pacote de ajuda de US$ 12 bilhões, a aprovação pública da decisão de remover o falecido presidente Mohamed Morsi do poder.
Saudi Arabia, the UAE, & Egypt — those bastions of freedom, human dignity, and democracy — celebrate the coup in Tunisia.
Meanwhile, nearly every Tunisian political party of every ideological background (excluding, surprise, the Assad-supporting Harakat al-Chaab) condemns it.
— Mariem Masmoudi (@MariemRMasmoudi) July 26, 2021
Saudi Arabia, the UAE, & Egypt — those bastions of freedom, human dignity, and democracy — celebrate the coup in Tunisia.
Meanwhile, nearly every Tunisian political party of every ideological background (excluding, surprise, the Assad-supporting Harakat al-Chaab) condemns it.
— Mariem Masmoudi (@MariemRMasmoudi) July 26, 2021
O ex-presidente da Tunísia, Moncef Marzouki, condenou a ação como um “golpe claro” instigado pelos Emirados Árabes.
Former Tunisia President Marzouki: ‘I have no doubt that the UAE is behind this coup’ pic.twitter.com/qpCEI4pvJC
— Ahmed Sewehli (@LibyanIntegrity) July 26, 2021
Sob uma hashtag árabe oposta, “Tunísia se levanta contra a Irmandade Muçulmana“, os usuários postaram imagens do cofundador do Partido Ennahda, Rached Ghannouchi, com legendas como “fim do jogo” e “finalmente”.
Game Over#تونس_تنتفض_ضد_الاخوان pic.twitter.com/gUq39JY3T8
— Miasar Mahammad AL Tamimi (@al_miasar) July 26, 2021
Finally
👏👏👏👏👏👏#تونس_تنتفض_ضد_الاخوان #تونس_تنتفض #تونس pic.twitter.com/lfQYokWMF8— Nadia Abdeloiheb Drissi🇹🇳🇹🇳 (@NadiaDrissi2) July 25, 2021
Após o anúncio, manifestantes antigovernamentais lançaram fogos de artifício e repreenderam o partido islâmico Ennahda. Os partidários de Saeid e Ennahda atiraram pedras e ovos uns nos outros fora do parlamento.
O analista político saudita Salman Al-Ansari postou um vídeo de manifestantes celebrando a decisão do presidente.
#Breaking: #Tunisian🇹🇳 citizens are on the streets celebrating their government's decision to crack down on the radical, anti-#women & corrupt #MuslimBrotherhood🏴☠️ group.
Big day for #Tunisia.
مبروك يا أهل #تونس👍🏻#تونس_تنتفض_ضد_الاخوان pic.twitter.com/RcthLg4be4
— Salman Al-Ansari سلمان الأنصاري (@Salansar1) July 25, 2021
A ex-candidata republicana ao Congresso Dalia Al-Aqidi escreveu que estava orgulhosa da Tunísia, marcando Ted Cruz, o senador republicano do Texas que apresentou um projeto de lei em 2017 designando a Irmandade Muçulmana do Egito uma Organização Terrorista Estrangeira.
So proud of #Tunisia and its people for standing against the #MuslimBrotherhood, its corruption, and its radical views.
Meanwhile, the Democrats insist on preventing the designation of the group as a terrorist organization. @tedcruzشكرا لك #تونس
#تونس_تنتفض_ضد_الاخوان pic.twitter.com/rZtPcCWQSv— Dalia al-Aqidi (@DaliaAlAqidi) July 26, 2021
O influenciador dos Emirados, Hassan Sajwani, escreveu que este é o fim da Irmandade Muçulmana na Tunísia.
The end of #MuslimBrotherhood in #Tunisia #تونس_تنتفض_ضد_الاخوان https://t.co/WAJ5OkeeVD
— حسن سجواني 🇦🇪 Hassan Sajwani (@HSajwanization) July 26, 2021
O professor assistente de estudos do Oriente Médio Marc Owen Jones analisou 1.200 tweets e descobriu que a maioria das pessoas que tuitam sob a hashtag “levante-se contra a Irmandade Muçulmana” são influenciadores dos Emirados e da Arábia Saudita ou no Egito.
5/ In addition to that, a corpus analysis of the locations indicate most of those tweeting or retweeting on the hashtag report their locations as in Saudi Arabia, Egypt or the United Arab Emirates #Tunisia #TunisiaCoup pic.twitter.com/XLck6kbmBD
— Marc Owen Jones (@marcowenjones) July 26, 2021
11/ A closer look at the retweeting accounts also is amuzing. Meet Erichamel Bonilla (she's fourteen and happy! – and lives in the Philipines). Also Emma Roberts, a big Smurfs fan who thinks "Smurfs are so sweet". I bet she really hates the Brotherhood! #Tunisia #disinformation pic.twitter.com/yizgl1dOkm
— Marc Owen Jones (@marcowenjones) July 26, 2021