O judiciário tunisiano decidiu abrir uma investigação sobre três partidos políticos, incluindo o movimento Ennahda e o Coração da Tunísia, por suspeitas de recursos estrangeiros na campanha eleitoral de 2019, corroboraram fontes à agência Reuters.
O inquérito foi aberto em 14 de julho, logo antes do presidente Kais Saied destituir o premiê Hichem Mechichi e suspender os trabalhos do parlamento, sob pretexto de emergência nacional, em ação descrita como golpe de estado.
Embora a investigação supostamente não seja vinculada aos avanços de Saied, após o judiciário tunisiano insistir em sua independência na segunda-feira (26), de fato impõe grande pressão aos principais opositores do presidente.
O movimento islâmico moderado Ennahda e o Coração da Tunísia, liderado pelo magnata de mídia Nabil Karoui, são os dois maiores partidos políticos em um parlamento bastante fragmentado, eleito em setembro de 2019.
O terceiro partido investigado é o Ayich Tounes, com menor representatividade.
O líder do Ennahda e presidente do legislativo, Rached Ghannouchi, assim como Karoui, foram adversários de Saied nas eleições presidenciais de setembro e outubro de 2019.
Karoui, dono de uma enorme emissora privada de televisão, também enfrenta uma longa investigação sobre outros delitos financeiros, que levaram à sua prisão em boa parte da campanha eleitoral e novamente este ano.
Saied — conservador sem partido — promoveu-se em 2019 como “novo início” contra uma elite corrupta e estagnada, supostamente focada em seus próprios interesses e responsável pelo declínio do padrão de vida no país após a revolução de 2011.
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