Autoridades de segurança egípcias estavam presentes quando o primeiro-ministro tunisiano foi espancado antes de renunciar, informou o Middle East Eye (MEE).
No domingo, o presidente da Tunísia, Kais Saeid, assumiu poderes de emergência para demitir o primeiro-ministro, suspender o parlamento e assumir a autoridade do governo.
Ele colocou em vigor um toque de recolher, invadiu o escritório da Al Jazeera e desde então demitiu o chefe da TV nacional.
Tanques militares cercaram o parlamento e os palácios do governo. O presidente do Parlamento, Rached Ghannouchi, acusou Saied de executar “um golpe contra a revolução e a constituição”.
O MEE relata que Hicham Mechichi foi agredido fisicamente no palácio presidencial depois de se recusar repetidamente a se retirar.
O ex-primeiro-ministro anunciou então no Facebook que não assumiria nenhuma posição ou responsabilidade no Estado.
Mechichi, o ex-ministro do Interior, foi escolhido por Saeid no verão do ano passado para se tornar primeiro-ministro e formar um novo governo.
No entanto, é relatado que desde então os dois tiveram uma relação particularmente difícil.
Os oficiais de segurança do Egito teriam aconselhado Saeid antes do golpe e conduzido as operações.
Uma das fontes disse ao MEE que “[o presidente egípcio Abdel Fattah] Sisi ofereceu-se para dar a Saeid todo o apoio necessário para o golpe e Saied aceitou”.
“Militares egípcios e pessoas da segurança foram enviados à Tunísia com o total apoio de MbZ”, acrescentou a fonte, em referência ao Príncipe Herdeiro de Abu Dhabi, Mohammed Bin Zayed.
No passado, o presidente da Tunísia elogiou a ditadura militar no Egito, agora considerada a mais repressiva de sua história moderna.
Na sequência do anúncio de Saied no domingo, o professor assistente Marc Owen Jones analisou 1.200 tweets e descobriu que a maioria das pessoas que escreveram a hashtag árabe, “se manifeste contra a Irmandade Muçulmana” eram influenciadores emiradenses e sauditas e a maioria estava com localização marcada no Egito, nos Emirados ou Árabia Saudita.
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