Segundo relatos, combatentes da oposição síria na província de Daraa, sul do país, lançaram uma nova ofensiva contra forças do regime e milícias colaboracionistas e capturaram postos de controle, um tanque e uma travessia de fronteira com a Jordânia.
Desde junho, forças do presidente Bashar al-Assad mantêm um cerco contra o distrito de Daraa Al-Balad, para restabelecer seu controle absoluto na região, capturada em 2018.
Na semana passada, um acordo foi firmado entre o Comitê Central de Daraa e oficiais do regime para conceder a Damasco controle restrito sobre a área, junto de um governo local semi-autônomo. O cerco foi supostamente suspenso em troca da rendição de armas.
Porém, o pacto com Assad fracassou, assim como outros, quando o regime decidiu atacar na última quarta-feira. O bombardeio subsequente matou dezenas de civis e forçou famílias a deixar suas casas, antes do exército reforçar postos de controle e impedir a passagem.
Com efeito, jovens de Daraa Al-Balad pegaram em armas e compuseram uma força paramilitar levemente equipada, para resistir à ofensiva do regime.
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"We are the sons of Horan, from its north to its south, from its east to its west, we are all Daraa al-Balad. If the decision is war, we are with her & if the decision is peace then we are with her also, & finally, we are with those that defend our dignity. And God is behind us." pic.twitter.com/i5N8znkhfN
— Oz Katerji (@OzKaterji) July 29, 2021
Em seguida, homens armados capturaram dez postos de controle, mataram ao menos sete soldados e combatentes pró-Assad e capturaram outros setenta. Também apreenderam armamento pesado, um tanque e a travessia de Nasib, na fronteira sírio-jordaniana.
Tais avanços, sobretudo a possível tomada da posição de fronteira, são os maiores incidentes militares em Daraa desde sua captura pelo regime, em 2018.
A província representa a “pedra no sapato” de Assad, de onde emergiram os levantes populares de 2011, cuja violenta repressão resultou na guerra civil.
Desde a derrota e rendição da oposição local, há três anos, o regime viola continuamente um acordo firmado por Síria e Rússia — principal aliado — com a oposição, para anistiar ex-combatentes e implementar um processo de reconciliação.
Neste entremeio, ao menos 98 ex-combatentes da oposição em Daraa foram torturados até a morte e muitos outros desapareceram nas mãos do regime.
Mesmo após sua captura, Daraa permaneceu um bastião da resistência contra o presidente Bashar al-Assad. Seus residentes recusam-se a cooperar totalmente com os esforços de Damasco para reconstruir sua presença militar no local.
Em 2019, por exemplo, habitantes da cidade protestaram contra a construção de uma nova estátua do pai e predecessor de Assad, Hafez al-Assad. Em maio, tomaram as ruas em repúdio e se recusaram a votar nas eleições presidenciais denunciadas por fraude.