O chefe do maior partido tunisiano, o movimento islâmico moderado Ennahda, adiou um encontro da alta cúpula, após correligionários jovens e veteranos pedirem sua renúncia pela forma como abordou a crise democrática que assola o país.
As informações são da agência Reuters.
Rached Ghannouchi, também presidente do parlamento, é um dos protagonistas das tensões políticas que atingiram a Tunísia na última semana.
Após o presidente Kaies Saied destituir o premiê, suspender o parlamento e assumir absoluta autoridade executiva, Ghannouchi apontou para um golpe de estado.
Trata-se da maior crise política na Tunísia desde a revolução de 2011, que introduziu a democracia no país e depôs o longevo ditador Zine el Abidine Ben Ali.
Saied ainda não indicou um novo premiê, tampouco propôs um plano nacional sobre o período de suposta emergência. A investida do presidente sem partido abalou fortemente o Ennahda, dividido entre acusações sobre a estratégia tomada e sua liderança.
O Ennahda é o maior e mais consistente partido na Tunísia desde a revolução e exerceu um papel central em sucessivas coalizões de governo. Contudo, perdeu apoio devido à estagnação da economia e à queda na qualidade dos serviços públicos.
Neste sábado (31), Ghannouchi adiou o encontro do Conselho de Shura, autoridade máxima dentro do partido, pouco antes de sua realização, confirmaram fontes.
Dezenas de jovens filiados ao Ennahda e alguns de seus líderes, incluindo o congressista Samir Dilou, exortaram a renúncia de Ghannouchi, segundo as informações.
Ghannouchi lidera o Ennahda há décadas, incluindo em seu exílio no Reino Unido antes da revolução. Após a derrubada do regime, o político tunisiano retornou ao país para uma recepção tumultuosa no aeroporto internacional de Túnis.
Após conquistar seu mandato legislativo nas eleições de 2019, Ghannouchi foi escolhido presidente do parlamento do país.
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