A Rede Egípcia pelos Direitos Humanos (ENHR, na sigla em inglês) está destacando o caso de Amir Mohsen Hammad Afrifi, que ainda está na prisão sete anos após seu desaparecimento forçado.
Amir foi preso em 30 de março de 2013, depois que forças de segurança em roupas militares e civis invadiram sua casa no bairro de Al-Salaymeh, na capital do Sinai do Norte, Arish.
Na época, Amir tinha 16 anos e era aluno da escola de arte em Arish.
As forças de segurança destruíram o conteúdo da casa enquanto mantinham o resto da família em outro cômodo e, em seguida, levaram Amir embora.
No dia anterior, as forças de segurança invadiram a casa e prenderam o irmão mais velho de Amir, Hammad, no entanto ele foi libertado quatro dias depois.
Em uma postagem no Facebook, a ENHR relatou que testemunhas viram Amir no quartel-general da 101ª brigada das forças armadas egípcias, um local de detenção não oficial, onde ele foi interrogado.
Amir desapareceu à força durante três meses e depois foi transferido para a Prisão Central de Al-Arish.
Ele foi acusado de ingressar no Daesh, contudo, cerca de um ano depois, em julho de 2014, o tribunal de Al-Arish emitiu uma ordem de libertação incondicional para Amir sem acusação formal e ele foi transferido para uma delegacia de polícia para se preparar para sua libertação.
Apesar disso, ele desapareceu à força novamente.
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A Human Rights Watch (HRW) documentou que as autoridades egípcias torturaram crianças presas com eletricidade, armas paralisantes e waterboards, enquanto os promotores e juízes fecham os olhos.
As condições são particularmente ruins no Norte do Sinai, onde há um blecaute de informações, porque jornalistas e defensores dos direitos humanos são severamente impedidos de entrar.
Um relatório recente do Comitê de Justiça documentou como a implementação do estado de emergência no Egito teve um efeito devastador sobre os abusos dos direitos humanos no país e foi usado inúmeras vezes no Sinai do Norte, dando às forças armadas e à polícia mais poderes para agir sob o pretexto de contraterror.
Em março, Abdullah Boumediene, de 15 anos, tentou suicídio na prisão por não conseguir mais suportar as condições de sua detenção.
Abdullah é de Arish e foi preso em dezembro de 2017 quando tinha apenas 12 anos e desapareceu à força dentro do prédio da Segurança Nacional em Arish.
A criança presidiária foi torturada, mantida em confinamento solitário e desapareceu à força. Em 2018, um tribunal de menores em Abbasiya decidiu que Abdullah deveria ser libertado, mas, em vez disso, ele foi deportado para outro centro de detenção.
Em 25 de julho de 2018, as forças de segurança invadiram a casa da família de Ibrahim Mohamed Shaheen, de 14 anos, prenderam seu pai e voltaram um dia depois para buscar Ibrahim.
Desde sua prisão, Ibrahim continua desaparecido à força.
As crianças presas têm consequências devastadoras para a saúde mental a longo prazo, incluindo PTSD, depressão, ansiedade, pensamentos suicidas e pesadelos.
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