Rabee al-Shaykh, jornalista e produtor da emissora Mubasher, da rede catariana Al Jazeera, foi detido no aeroporto do Cairo, após viajar à capital egípcia de Doha para visitar sua família.
Al-Shaykh foi transferido à Agência de Segurança Nacional do Egito e interrogado por horas, após ser apreendido no último domingo (1°).
O repórter foi preso sob ordem da Promotoria de Segurança Pública, acusado de propagar “fake news” devido a uma gravação viral na qual solicitou a um colunista egípcio comentários sobre a crise da Grande Represa do Renascimento.
As informações são da rede Middle East Eye (MEE).
A barragem é uma questão sensível no Egito; cidadãos pressionam o presidente e general Abdel Fattah el-Sisi a baixar o tom e negociar a pauta, cuja disputa com a Etiópia ao redor do Nilo já se prolonga por uma década.
A prisão de al-Shaykh é particularmente preocupante, dado que apenas um dia antes a Al Jazeera celebrava sua primeira transmissão ao vivo de solo egípcio em oito anos.
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A rede catariana fechou seus escritórios no Egito em junho de 2014, em meio a uma campanha repressiva do regime contra redes de imprensa, após o golpe de estado no ato anterior.
A última transmissão da emissora no país foi em dezembro de 2013, quando três de seus repórteres foram detidos no Hotel Marriott, no Cairo, sob acusações falsas de terrorismo.
A licença da Al Jazeera foi então revogada e seus escritórios invadidos.
Em 2017, Egito e aliados — Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Bahrein — lançaram um severo bloqueio contra o Catar, sob alegações de proximidade com o Irã. O regime barenita exigiu também o fechamento dos escritórios da Al Jazeera.
Um jornalista da proeminente rede internacional, Mahmoud Hussein, foi preso em 2016 no Egito e mantido em “detenção preventiva” — isto é, sem julgamento — por quatro anos, até ser enfim libertado em fevereiro último.
Por anos, o Egito é marcado como um dos países que mais persegue jornalistas no mundo.
As relações entre Catar e Doha melhoraram recentemente, após os aliados árabes assumirem medidas de reconciliação para suspender os quatro anos de bloqueio.
A reaproximação e a transmissão da Al Jazeera no fim de semana foram vistos como sinais de uma mudança de atitude do regime egípcio, o que encorajou al-Shaykh a voltar para casa.