O Presidente da Tunísia Kais Saied alegou nesta quarta-feira (4) que “certos partidos” trabalham para infiltrar-se no governo — “em particular, no Ministério do Interior”.
Em nota, Saied confirmou que visitou o ministério ontem, pela primeira vez desde a indicação de Reda Gharslawi para a pasta, na última quinta-feira (29).
“O enorme perigo que ameaça o país não vem do exterior, mas sim é causado pela fragmentação da sociedade e a luta interna”, insistiu o comunicado. “Há ainda aqueles que deliberadamente desintegraram o estado”.
“Há também aqueles que querem se infiltrar nas instituições, em particular, no Ministério do Interior”, prosseguiu. “Qualquer tentativa de prejudicar a pasta ou atacá-la de dentro será enfrentada com mais do que se espera”.
O presidente não concedeu detalhes.
Em 25 de julho, Saied apelou ao Artigo 80 da Constituição para destituir o primeiro-ministro Hichem Mechichi, suspender os trabalhos do parlamento por trinta dias, revogar a imunidade de ministros e indicar a si próprio como chefe da autoridade executiva.
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A medida sucedeu protestos em diversas cidades do país, criticando a gestão do governo sobre a crise econômica e o coronavírus.
A maioria dos partidos políticos da Tunísia condenou os avanços do presidente como golpe de estado, em detrimento das conquistas democráticas da revolução de 2011, que depôs o longevo ditador Zine el Abidine Ben Ali.