Auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) identificou “risco extremo de sobrepreço” 83% dos convênios do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) para compra de tratores e equipamentos agrícolas com recursos de emendas de um “orçamento secreto”, apelidado de Tratoraço.
O jornal O Estado de S. Paulo revelou no domingo (09/05) a existência de um suposto “orçamento paralelo” do governo Jair Bolsonaro, envolvendo a destinação de R$ 3 bilhões em emendas do Orçamento federal a determinados parlamentares em dezembro de 2020, menos de dois meses antes das eleições dos presidentes da Câmara e do Senado. Os contemplados teriam o direito de decidir onde os recursos seriam aplicados.
A CGU começou a investigar a denúncia e, segundo o jornal, “o procedimento tramita em sigilo, com recusa da CGU em disponibilizar as notas de auditoria até agora produzidas”. Mas já é público que “a apuração apontou que, em 115 convênios celebrados para a compra de nove tipos de máquinas, ‘o risco de sobrepreço foi considerado alto (entre 10% e 25%) ou extremo (acima de 25%) pela equipe de auditoria, totalizando o valor de R$ 12,1 milhões’.
LEIA: Brasil entre 12 países da América Latina onde já foram detectadas todas as variantes da Covid-19
Segundo o fundador e secretário-geral da Associação Contas Abertas, Gil Castello Branco, em declaração publicada pela BBC, “trata-se de um escândalo, que sugere – a investigação vai poder provar isso ou não – a compra explícita de apoio político. Pode ser caracterizado também como uma espécie de ‘mensalão’ disfarçado de emendas parlamentares.”
O apelido de tratoraço foi dado pelo fato de que grande parte do dinheiro teria sido destinada à compra de tratores e outros maquinários a preços superfaturados.