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Chefe de Direitos Humanos faz apelo para evitar “consequências catastróficas” no Afeganistão

Residentes reúnem em um local atingido por diversos foguetes, na região de Khair Khana, em Cabul, Afeganistão, 21 de novembro de 2020 [Wakil Kohsar/AFP/Getty Images]

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos está alertando para violações no Afeganistão que podem ser consideradas crimes de guerra e contra a humanidade.

Michelle Bachelet apelou para o fim da violência no país, para que sejam evitadas “consequências catastróficas”.

Ofensivas 

Ela destacou que confrontos em áreas urbanas acabam causando a morte de civis, algo que já foi visto inúmeras vezes no Afeganistão.

Segundo ela, desde 9 de julho, 183 pessoas morreram com a onda de violência em quatro cidades: Lashkar Gah, Kandahar, Herat e Kunduz. Mais de 1,1 mil ficaram feridas e a alta comissária explica que os números reais podem ser muito maiores.

Mesmo antes das ofensivas militares do Talebã em centros urbanos, a ONU já havia registrado um aumento dos incidentes envolvendo civis. Bachelet pede aos lados em conflito para interromperem a violência e prevenir um novo massacre.

A alta comissária quer o fim das operações militares do Talebã nas cidades e pede que as partes retornem à mesa de negociações para um acordo de paz. Sem isso, Bachelet prevê a piora “de uma situação já atroz para muitos afegãos”.

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A chefe de Direitos Humanos da ONU faz também um apelo aos países para que utilizem da influência que têm e ajudem a acabar com a violência. Nesta semana, a capital do Catar, Doha, abrigará reuniões ligadas ao processo de paz.

Execuções  

Documentos recebidos pela Missão de Assistência da ONU no Afeganistão, Unama, e pelo Escritório de Direitos Humanos da ONU comprovam que confrontos em terra e ataques aéreos têm deixado civis mortos e feridos.

Há confirmações de execuções sumárias, ataques contra funcionários do governo e familiares, além da destruição de escolas, casas e clínicas de saúde.

Segundo Bachelet, há também relatos de mulheres e de meninas que só podem sair de casa acompanhadas de um homem ou mahram.

São pessoas que vivem nas cidades controladas pelo Talebã. Essas restrições aos direitos das mulheres preocupam a alta comissária.

Destruição e Deslocamentos  

Michelle Bachelet lembra que ataques diretos a civis são uma séria violação do direito internacional e exemplos de crime de guerra.

A alta comissária pede proteção especial a minorias, mulheres, defensores de direitos humanos, jornalistas e destaca que existem riscos reais de atrocidades contra minorias étnicas e religiosas.

De acordo com a Cruz Vermelha Internacional, somente neste mês, mais de 4 mil pacientes feridos por armas receberam tratamento nos centros de saúde da organização.

Covid-19  

A Cruz Vermelha denuncia a destruição de casas e os danos a hospitais, centrais elétricas e infraestrutura de água, colocando em risco as vidas de médicos e de pacientes.

As ofensivas do Talebã começaram em maio e neste ano, mais de 359 mil pessoas ficaram deslocadas. O diretor-geral da Organização Internacional para Migrações, OIM, António Vitorino, está “extremamente preocupado” com o impacto da violência nos civis que estão desabrigados.

Vitorino lembra que o Afeganistão também enfrenta uma terceira onda de Covid-19 e seca severa, fatores que deixam quase metade da população do país precisando de assistência de emergência.

Publicado originalmente em ONU NEWS

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