O exército israelense atacou nesta sexta-feira (13), fiéis palestinos com bombas de som, depois de terem realizado orações na mesquita de Ibrahimi, no centro da cidade de Hebron, na Cisjordânia ocupada, relatou a Agência Anadolu.
Cerca de cinco mil palestinos responderam ao convite do Ministério de Doações e Assuntos Religiosos palestino para realizar orações de sexta-feira na mesquita, a fim de mostrar a rejeição aos projetos israelenses destinados a mudar suas características.
Sheikh Hefzy Abu Sneina, diretor da mesquita, disse que as forças de ocupação intensificaram sua presença nos portões da mesquita após as orações de sexta-feira e usaram gás e bombas de som para dispersar os adoradores.
“Mais de cinco mil palestinos realizaram as orações de sexta-feira na mesquita”, disse Abu Sneina à Agência Anadolu.
Abu Sneina disse que aceitar o convite para realizar as orações de sexta-feira na mesquita “mostra a ligação dos muçulmanos com a Mesquita Ibrahimi”.
Na quinta-feira, o Ministério de Doações e Assuntos Religiosos anunciou o fechamento de todas as mesquitas da cidade de Hebron e pediu aos adoradores que realizassem as orações de sexta-feira na Mesquita Ibrahimi como uma “denúncia” às medidas de ocupação lá.
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Antes do acesso dos adoradores à mesquita, o exército de ocupação reforçou suas forças nas proximidades e em suas entradas, espalhando grades de ferro em seu pátio e verificando as identidades dos adoradores e jornalistas.
Uma testemunha disse à Agência Anadolu que as forças de ocupação permitiram que os adoradores entrassem na mesquita um a um, resultando no congestionamento das barreiras pré-existentes que levavam à mesquita.
As orações na mesquita estão geralmente sujeitas a rigorosas restrições de segurança, pois os adoradores devem passar várias barreiras e portões eletrônicos antes de chegar às escadas que conduzem ao local de oração.
O Ministério da Defesa israelense disse na segunda-feira que iniciou um projeto nos pátios da mesquita para construir uma rota que ligue diretamente a área de estacionamento à mesquita e instale um elevador elétrico. O Ministério de Doações Palestinas disse que o objetivo do projeto é “judaizar” a mesquita e facilitar a intrusão dos colonos na mesma.
Reverenciado por muçulmanos e judeus, acredita-se que o complexo da Mesquita Ibrahimi de Hebron seja o local de sepultamento dos profetas Abraão, Isaac e Jacob.
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Após o massacre de 1994 de 29 adoradores palestinos dentro da mesquita por um colonizador judeu extremista, Baruch Goldstein, as autoridades israelenses dividiram o complexo da mesquita entre adoradores muçulmanos e judeus.
O Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO decidiu em julho de 2017 incluir a Mesquita de Ibrahimi e a antiga cidade de Hebron em sua Lista do Patrimônio Mundial.
De acordo com a Anadolu, Hebron é o lar de cerca de 160 mil muçulmanos palestinos e cerca de 500 colonos judeus. Estes últimos vivem em uma série de enclaves somente de judeus, fortemente guardados por tropas israelenses. Sob o Acordo de Hebron assinado em 1997 entre a Organização de Libertação da Palestina e Israel, a cidade foi dividida em duas áreas – H1 sujeita ao controle palestino e H2 sob controle israelense. Estima-se que 20 por cento da área da cidade, na qual a cidade velha e a Mesquita de Ibrahimi estão localizadas, está no H2.