Assad envia representante aos EUA em meio a crise com Moscou

O regime sírio de Bashar al-Assad enviou um representante aos Estados Unidos para debater a retomada do relacionamento entre os países, como resultado de uma suposta crise com a Rússia, principal aliado internacional ao longo da guerra civil.

Segundo Rami al-Shaer, assessor da chancelaria russa, que conversou com uma rede de televisão da oposição síria, Assad propôs a Washington coordenar “questões concernentes ao Oriente Médio”, em troca do reconhecimento de sua legitimidade como presidente.

Al-Shaer alegou que a oferta de restaurar laços é consequência de um afastamento entre Damasco e Moscou, sobretudo pela divergência entre os regimes aliados sobre como responder às recentes insurgências em Daraa, no sul da Síria.

A província — conhecida como berço da revolução síria, em 2011 — está sob cerco de forças do regime e milícias iranianas desde junho. No último mês, Assad ordenou uma ofensiva de larga escala e bombardeios contra áreas da província.

Diversos armistícios foram acordados na região, entre Damasco e o comitê central de Daraa, sob esforços persistentes de mediação da Rússia.

Diante do mais recente cessar-fogo, ao longo do fim de semana, Assad e aliados o violaram horas depois, de modo a obstruir o processo de reconciliação.

O regime busca capturar todo o território sírio e aniquilar elementos oposicionistas. A Rússia, contudo, demanda agora uma abordagem pragmática, ao agir como mediadora e exortar o presidente a comprometer-se com uma solução política.

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Al-Shaer também afirmou que Assad teme um conflito no sul de Daraa, devido à sua proximidade geográfica com Israel — aliado histórico dos Estados Unidos —, com risco de espalhar-se pelo país e atrair agentes estrangeiros a intervenção.

Segundo o oficial da chancelaria russa, nesta conjuntura, o governo sírio assinalou sua disposição em aproximar-se de Tel Aviv e Washington para assegurar seu domínio.

Al-Shaer reiterou ainda que Assad crê que caso seu regime se reconciliasse com a oposição — ao invés de esmagá-la — a população síria em geral veria tais avanços como uma nova oportunidade para exigir reformas ou mesmo a queda do longevo presidente.

“Não seria exagero se eu dissesse que 90% do povo sírio quer uma mudança no governo”, asseverou al-Shaer.

Uma aproximação entre Síria e Estados Unidos poderia prejudicar a influência da Rússia e afetar duramente o relacionamento entre os regimes de Vladimir Putin e Bashar al-Assad, seis anos após a intervenção russa que virou a guerra a favor de Damasco.

No último ano, o envio de uma pequena missão diplomática da Casa Branca à Síria, para negociar a soltura do jornalista americano Austin Tice, causou rumores de uma eventual restauração de laços entre os países.

Washington enfatizou, porém, que não restabeleceria suas relações com Assad até que este assentisse com o plano das Nações Unidas para uma solução política à guerra civil.

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