Acontece hoje, 19 de agosto, às 19h, a abertura da 16ª Mostra Mundo Árabe de Cinema, que novamente, devido à covid-19, será realizada online e apresentará sete filmes inéditos no Brasil, do dia 10 de agosto a 16 de setembro. Os filmes reforçam o caráter da diversidade dos países árabes e da aproximação com a sociedade brasileira, como tem sido ao longo de toda a trajetória da mostra, que projetou-se no cenário internacional e integrou-se ao calendário cultural da cidade de São Paulo. O evento de abertura será aberto ao público, com transmissão ao vivo no canal do ICArabe no Youtube.
Os convidados da abertura são o embaixador Osmar Chohfi (presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira), Murched Omar Taha (presidente do Instituto da Cultura Árabe), Danilo Santos de Miranda (diretor regional do Sesc São Paulo), Christian Mourroux (diretor artístico da Cine Fértil), Silvia Antibas (historiadora e diretora cultural da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira), Adhemar de Oliveira (diretor da Arteplex Filmes), Eloísa Lopes (diretora de Aquisições da Synapse Distribution), Soraya Smaili (idealizadora da Mostra) e Arthur Jafet (curador da Mostra).
Em plataformas digitais da Mostra e do Sesc, o evento apresenta gratuitamente sete filmes inéditos, que refletem sobre temas como o futuro político e as sociedades em transformação num mundo pós-pandemia. A Mostra tem realização do ICArabe (Instituto de Cultura Árabe), correalização do Sesc São Paulo e patrocínio da Casa Árabe, centro cultural da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. Além das exibições, serão promovidos encontros online com diretores e convidados especiais para interação com o público.
A curadoria da Mostra é de Arthur Jafet, que ressalta: “Na esteira da pesquisa por obras da cinematografia contemporânea do Mundo Árabe, põe-se em xeque a identidade de povos e o ideal de nação que se pretende forjar, sob a ótica crítica de seus diretores que despontam no afã de denunciar temáticas de cunho regional e universal.”
Após a abertura, os filmes ficarão disponíveis na plataforma da Mostra a partir do dia 20 – um por semana – e podem ser assistidos pelos usuários cadastrados em quaisquer dias e horários da semana em que estiverem em cartaz nas plataformas, conforme programação abaixo. Na plataforma Sesc Digital, os filmes também estreiam às sextas – um por semana –, com início no dia 20/8, e ficam disponíveis dentro da série Cinema #EmCasaComSesc. Não há necessidade de cadastro. Também serão promovidos encontros online com diretores convidados, que serão exibidos no canal do ICArabe no YouTube.
PROGRAMAÇÃO
No Sesc Digital:
20 de agosto a 16 de setembro: “A 200 Metros” (o longa, que estreia no dia 17 de setembro no Brasil, terá a sua pré-estreia na mostra. O filme ficará disponível entre os dias 20 e 26 de agosto e terá uma limitação de visualizações).
27 de agosto a 2 de setembro: “Bagdá Vive em Mim” – (filme terá sua pré-estreia na Mostra)
3 a 9 de setembro: “Caos”
10 a 16 de setembro: “Os Espantalhos”
20 a 26 de agosto: “Chave de Fenda”
27 de agosto a 2 de setembro: “Nós somos de lá (longa-metragem)” e “In Memoriam (curta-metragem)”
Mesas redondas online:
27 de agosto, às 18h – Mesa redonda sobre os filmes “A 200 Metros” e “Chave de Fenda”, com o diretor Ameen Nayfeh (A 200 Metros), o produtor do filme “Chave de Fenda”, Shrihari Sathe, a historiadora Maria Aparecida Aquino, professora-titular da USP, com moderação do jornalista Diogo Bercito.
1º de setembro, às 17h – Mesa redonda sobre o filme “Nós Somos de Lá” e o curta “In Memoriam”, com os diretores Wissam Tanios e Otávio Cury, o historiador Murilo Meihy (UFRJ), com moderação de Soraya Smaili, farmacologista da EPM Unifesp e reitora no período 2013-2021, idealizadora da Mostra Mundo Árabe de Cinema.
3 de setembro, às 19h – Mesa redonda sobre o filme “Bagdá Vive em Mim”, com o diretor Samir Jamaleddine, com moderação do jornalista José Arbex.
Confira os filmes participantes:
Caos (2018)
Direção: Sarah Fattahi
Países: Áustria, Síria, Líbano, Catar
O documentário narra as histórias de três mulheres sírias: uma em Damasco, uma na Suécia e outra em Viena, exiladas por conta da guerra em seu país. Depois do sucesso de Coma, vem a segunda trilogia. Três mulheres compartilham dos mesmos medos e traumas. A terceira mulher e o seu depoimento é a autobiografia da diretora. Não trata de imagens, mas de sentimentos, inclusive do luto e da dor. A mulher na Suécia e amiga da diretora, sofre de bipolaridade, e considera a guerra o motivo de toda culpa que sente. A mulher muda, pela perda do filho na guerra, mora em Damasco, é amiga da mãe da diretora. Foi uma experiência traumática para a mãe e para a diretora se manterem distantes. Sarah faz dublê de um espírito não visto em Viena: “o fantasma de Ingeborg”, como se ela não existisse – pois é o seu estado de espírito. Ela aborda a vida com tormento e como testemunho da história. Votado como um dos melhores filmes pela revista New Yorker. É a própria diretora quem segura a câmera. Teve sua estreia no Festival de Locarno em 2018.
Chave de Fenda (2018)
Direção: Bassam Jarbawi
Países: Palestina, Catar, EUA
Após 15 anos numa prisão israelense, explorando a carga física e emocional que o trauma e o tempo perdido extraem de seu psiquê machucado, Ziad, o protagonista, preso injustamente, tenta se reintegrar ao seu núcleo social. 1/5 dos palestinos foram presos ao menos uma vez. O roteiro foca na desconexão do protagonista. Trata-se da reintegração à sociedade dentro de sua própria sociedade. Thriller psicológico e drama social. Teve sua estreia em Toronto ( Discovery) e Veneza (Horizontes).
(Tunísia/Marrocos/Luxemburgo) – francês e árabe
Os Espantalhos (2019)
Direção: Nouri Bouzid
Países: Tunísia, Marrocos, Luxemburgo
Duas mulheres que descobrem a escravidão sexual, convencidas de que na Síria encontrariam um paraíso, ao retornar à Tunísia são vistas como párias pela sociedade; até mesmo aqueles que as ajudam na prisão sofrem preconceito. Trata-se de um tema global, que retrata as pessoas que não têm chances de se reabilitar na prisão. É poderoso, urgente e ambicioso. Teve sua estreia em Veneza ( Sconfini).
Nós somos de lá (2020)
Direção: Wissam Tanios
País: Líbano, França
De abordagem proustiana trata-se de um documentário sobre a fuga de dois irmãos (um, carpinteiro, outro, trompetista) – um vai para Berlim e outro para a Suécia. Desde a guerra civil na Síria e a jornada, o périplo que é recomeçar do zero, é salvo pela paixão à vida, à determinação, ao senso de humor e à esperança por um futuro mais promissor; tudo isso, relatado por um primo, que questiona o verdadeiro significado que é ter um lar, recordando memórias de infância, e explorando a habilidade humana de lidar com mudanças radicais na vida. Teve sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Rotterdam 2020 e ganhou os prêmios de melhor filme árabe e melhor filme não-ficção no Festival Internacional de Cinema do Cairo 2020
Bagdá Vive em Mim (2019)
Direção: Samir Jamaleddine
País: Suíça, Alemanha, Reino Unido
Thriller de ficção de Samir Jamaleddine – autor de “A Odisseia Iraquiana” -, trata da integração de imigrantes iraquianos em Londres, do conflito entre a radicalização da comunidade pelo sheik local e a adoção de valores liberais ocidentais. Melancolia x ultramodernidade. Uma ponte necessária à sobrevivência de todos. Ateísmo, igualdade, homossexualidade. A religião tenta integrar os jovens recém-chegados e isolados, que vivem sob constante paranoia social. Teve sua estreia no Festival Internacional de Cinema do Cairo (Horizontes do Cinema Árabe) e foi aclamado em Locarno. O filme terá sua pré-estreia na Mostra.
A 200 Metros (2020)
Direção: Ameen Nayfeh
País: Palestina, Jordânia, Catar, Suécia, Itália
Indicação da Jordânia para o Oscar 2021. O longa retrata a jornada de Mustafa, interpretado por Ali Suliman, um pai que mora a 200 metros de distância de sua família. Eles vivem separados por um muro, que divide a Cisjordânia e Israel. Quando recebe uma ligação de que seu filho sofreu um acidente e está internado, Mustafa tenta atravessar a fronteira mas é impedido. Inconformado com a situação e com a recusa dos oficiais israelenses, ele parte em uma viagem de 200 quilômetros para reencontrar a sua família. A estreia mundial do filme aconteceu no Festival de Veneza, em setembro. Zona de Confronto ganhou o BNL People’s Choice Award e recebeu o prêmio da crítica (Fipresci), além de ser reconhecido pelo público com uma premiação por “exemplificar temas humanitários”, em El Gouna.
O longa, que estreia no dia 17 de setembro no Brasil, terá sua pré-estreia na mostra. O filme ficará disponível entre os dias 20 e 26 de agosto e terá uma limitação de visualizações.
In Memoriam (2021)
Direção: Otavio Cury
País: Brasil, Argentina, Síria
Em um café na Síria, a lembrança da morte do avô traz a Jorge memórias de outras mortes. A ânsia pelo autoconhecimento, através da busca de suas raízes constitui o cerne de mais um filme de forte cunho pessoal de Otávio Cury. Nostalgia de uma época não vivida, memórias da vinda de parentes ao Brasil e episódios fatídicos contribuem para a peculiaridade dessa obra, que a exemplo de trabalhos anteriores do diretor, enriquecem o acervo de relatos sobre a imigração árabe ao Brasil