As relações entre o Marrocos e a Argélia sofreram uma reviravolta perigosa depois que a Argélia militarizou sua fronteira com o Marrocos. Observadores não descartaram a possibilidade de fechar o espaço aéreo compartilhado com seu vizinho ocidental.
O Alto Conselho de Estado argelino, chefiado pelo presidente, Abdelmadjid Tebboune, realizou uma reunião extraordinária na última quarta-feira e acusou Rabat de ameaçar a estabilidade e a segurança da Argélia em coordenação com Israel.
No seu comunicado, o conselho acusa as autoridades marroquinas de provocarem os incêndios no país com a ajuda do movimento independente Kabyle (MAK, na sigla em inglês), ao mesmo tempo em que anuncia a sua intenção de reconsiderar as relações com o Marrocos.
No início desta semana, o chanceler argelino Ramtane Lamamra acusou o Marrocos de coordenar com Israel para desestabilizar a Argélia e denunciou as declarações do chanceler israelense, que falou sobre a coordenação entre Argélia e Irã durante sua visita a Rabat.
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A imprensa argelina está empreendendo uma campanha sem precedentes contra o Marrocos, como o jornal Algérie Patriotique, que noticiou na noite de sexta-feira que a Argélia está considerando suspender a ligação aérea entre Argel e Casablanca para reconsiderar as relações bilaterais entre os dois países.
O jornal, propriedade do ex-ministro da Defesa Khaled Nizar, confirmou que o exército argelino militarizou a fronteira com Marrocos e declarou estado de emergência excepcional.
O Marrocos, por sua vez, intensificou a sua presença militar nas fronteiras e teme-se que a tensão conduza a escaramuças militares.
Apesar das medidas anunciadas pela Argélia, incluindo a revisão das relações, Rabat manteve-se calado e não respondeu à declaração do Alto Conselho de Estado argelino.
A imprensa marroquina interpreta as recentes posições da Argélia como uma tentativa da autoridade de exportar seus problemas internos para o exterior.