Chawki Tabib, ex-chefe da Autoridade Anticorrupção da Tunísia (INLUCC, na sigla em inglês), confirmou, por meio de sua página no Facebook, que foi colocado em prisão domiciliar.
“O chefe de uma unidade de segurança que está estacionada desde as 22h00, hora de Túnis, em frente à porta do meu apartamento, informou-me que o funcionário responsável pela gestão do Ministério do Interior emitiu uma ordem para me colocar sob prisão domiciliar”, escreveu Tabib.
Tabib considera isso uma clara violação de seus direitos garantidos por lei e pela Constituição.
E acrescentou: “O que me preocupa neste momento é enviar uma mensagem inicial à minha família e aos meus amigos de que não há motivo para se envergonharem do seu parentesco ou amizade comigo, muito pelo contrário”.
Tabib continuou: “A segunda mensagem vai para aqueles que tomaram esta decisão vergonhosa e injusta contra mim. Eu irei persegui-los perante a justiça na Tunísia e no exterior e perante a justiça dos céus se eu não puder restaurar meus direitos nesta terra”.
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Na sexta-feira, o presidente tunisiano, Kais Saied, emitiu uma ordem presidencial para demitir Anouar Ben Hassan, secretário-geral do INLUCC, sem apresentar as razões para a decisão.
A mídia local noticiou que Reda Gharsalawi, responsável pela direção do Ministério do Interior, ordenou na sexta-feira o despejo da sede da Autoridade Nacional Anticorrupção de seus funcionários em meio à presença de seguranças, acompanhada pelo governador de Túnis, Chadli Boualag.
O Ministério do Interior ainda não explicou os motivos da evacuação da sede da comissão constitucional.
No final de julho, o judiciário tunisiano abriu uma investigação sobre Chawki Tabib por suspeita de “falsificação”.
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A comissão foi criada em 2011 para suceder à Comissão de Inquérito sobre Corrupção e Suborno, que foi criada imediatamente após a revolução que derrubou o ex-presidente Zine El Abidine Ben Ali.
A Tunísia vive uma grave crise política desde 25 de julho, quando Saied decidiu congelar o Parlamento e demitir o primeiro-ministro Hichem Mechichi como parte de medidas excepcionais, justificadas pela deterioração da economia e o fracasso em gerenciar a crise pandêmica do coronavírus.
A maioria dos partidos, incluindo o Movimento Ennahda, rejeitou essas decisões, considerando as recentes resoluções como um “golpe contra a Constituição”, enquanto outros apoiaram essa medida como uma forma de corrigir o rumo da revolução.